Jakub Stefano and Thony Grey play in the yard

O silêncio da biblioteca da mansão Grey era tão profundo que Thony conseguia ouvir o pousar suave da poeira sobre as capas de couro dos livros. Era seu refúgio, um mundo de palavras e quietude desde que uma doença rara a confinara àquela cadeira de rodas, há cinco anos. Thony, com seus cabelos prateados prematuramente e olhos que haviam esquecido como sorrir, era a sombra da mulher vibrante que fora.

Tudo mudou na tarde em que Jakub Stefano apareceu.

Ele chegou com o verão, um sopro de vento quente e barulhento que perturbou a paz secular da casa. Jakub era um engenheiro botânico italiano, contratado para revitalizar os jardins abandonados da propriedade. Ele falava com as mãos, ria com os olhos e trazia consigo o cheiro de terra molhada e possibilidades.

Thony o observava da janela da biblioteca, um livro aberto e ignorado no colo. Ela via seus músculos se movendo sob a camisa suada, as plantas murchas ganhando vida sob seus dedos cuidadosos. Era uma coreografia de criação que ela, em seu mundo estático, achava dolorosamente bela.

Jakub, por sua vez, notara a figura pálida na janela. Intrigado pela solidão que parecia emanar dela, um dia, armado com um vaso pequeno contendo uma orquídea rara, bateu à porta da biblioteca.

“Posso entrar?”, perguntou, sua voz um acorde musical no silêncio. “Achei que este lugar poderia usar um pouco de verde.”

Thony ficou tensa. “Eu não preciso de pena.”