Jake Andrich (Jakipz) – Slowly stripping and fucking my toy while I show off my ass

O vento soprava frio pelas ruas de Berlim, carregando o cheiro de chuva e concreto. Jake Andrich encostava-se à parede de tijolos à vista de um bar, o colarinho do casaco erguido contra o frio. Dentro, o ar estava quente e pesado, cheio de vozes e música. Foi ali que a viu.
Ela estava sentada sozinha no fundo da sala, os dedos a envolverem uma chávena de chá, os olhos perdidos na espiral de vapor que subia. Havia uma quietude nela, uma ilha de calma no meio do caos da cidade. O seu nome era Elara, ele soube mais tarde, quando a coragem – ou talvez a solidão da noite – o levou até à sua mesa.
“Posso?” perguntou ele, com um aceno para a cadeira vazia.
Ela ergueu os olhos, e Jake sentiu o mundo desacelerar. Eles não eram olhos de um só tom, mas de muitos – verdes, acinzentados, com manchas de âmbar à volta das pupilas. Como o musgo nas pedras de um rio.
“Claro”, respondeu ela, com uma voz suave, que ele quase teve de ler nos seus lábios para ouvir.
As primeiras palavras foram trocadas com a hesitação de quem receia assustar um pássaro. Ele era marceneiro, um artesão que trabalhava com madeira velha, dando-lhe nova vida. Ela era encadernadora, uma artista que respirava alma nova em livros esquecidos. As suas vidas eram feitas de texturas, de paciência, de histórias silenciosas contidas nos veios da madeira e nas dobras do papel.
O amor não chegou como uma tempestade, mas como o nascer do sol – lento, inevitável, a aquecer tudo à sua volta. Começou com ele a levar-lhe pedaços de madeira de cerejeira, perfeitos para as capas dos seus livros. Com ela a aparecer na sua oficina, sentada num banco alto, a ler em voz alta enquanto ele trabalhava. A sua voz enchia o espaço, suave como lixa, dando palavras ao seu silêncio.
Uma tarde de domingo, na oficina de Jake, o pó de madeira dançava nos raios de sol. Elara observava-o a trabalhar, as suas mãos fortes e seguras a dar forma a um pedaço de nogueira.
“É como se conseguisses ouvir a música dentro da madeira”, disse ela, quebrando o silêncio.
Jake parou, aplainando uma aresta com o polegar. “Não é música”, corrigiu ele, suavemente. “É um segredo. Toda a peça de madeira tem um. Tens apenas de a ouvir e libertá-lo.”
Ele olhou para ela, e o ar pareceu sair-lhe dos pulmões. “Como o teu”, sussurrou.
Elara ficou imóvel.
“O teu segredo”, ele continuou, os seus olhos a percorrerem o seu rosto como se estivessem a memorizar os seus contornos. “Estou a tentar ouvi-lo desde o primeiro dia.”
Uma lágrima solitária percorreu a face de Elara, mas não era de tristeza. Era o alívio de finalmente ser ouvida.
“E então?”, sussurrou ela. “O que é que ouves?”
Jake pousou a gubia. Cruzou o pequeno espaço entre eles e pegou na sua mão, entrelaçando os seus dedos calejados com os dela, manchados de tinta.
“Ouve-se a casa”, disse ele, a sua voz rouca de uma emoção que já não conseguia conter. “Ouve-se a minha casa. A nossa casa. A sentir-se vazia antes de ti, e agora… agora só se ouve o teu nome.”
Naquele instante, na oficina cheia de luz, com as suas mãos unidas – uma marcada pela serra, a outra pela agulha – Jake Andrich e Elara não trocaram um beijo. Trocaram uma promessa. E souberam que as suas histórias, tal como a madeira e o papel que amavam, estavam finalmente encadernadas numa só.