Igor Miller gets fucked by Xavi Aragon

O vento uivava nas ruas de pedra de uma cidade europeia sem nome, carregando o cheiro de chuva iminente e de séculos passados. Igor Miller era um homem feito de silêncio e linhas duras. Um relojoeiro, suas mãos eram precisas, seu mundo era o de pequenas engrenagens e mecanismos complexos que ele podia controlar. Sua vida era um ritmo metronômico, até que Xavi Aragon se mudou para o apartamento acima do seu.
Xavi era o oposto. Pintor, trazia manchas de tinta nas roupas e risada fácil. Sua presença era anunciada pelo som de salsa que vazava pelo piso, pelos cheiros exóticos de sua cozinha e pelos passos de dança que Igor ouvia no teto, late na night.
Igor, inicialmente, ficou irritado. Aquele caos sonoro era um insulto à sua ordem precisa. Um dia, decidiu confrontá-lo. Subiu as escadas e bateu à porta.
A porta abriu-se para um sorriso que era mais quente que o sol da Andaluzia, terra de onde Xavi viera.
— Hola, vecino! — disse Xavi, sem um traço de preocupação. — A música está muito alta? Desculpe. É que às vezes a tinta flui melhor com um bom ritmo.
Igor, que preparara uma reprimenda, ficou mudo. Seus olhos passaram de Xavi para o apartamento atrás dele. Era um caos vibrante: telas coloridas, livros abertos no chão, uma guitarra num canto. E era a coisa mais viva que ele já vira.
— Eu… sou Igor. O relojoeiro — conseguiu dizer.
— Xavi. O barulhento — respondeu o outro, com um piscar de olhos.
Aquele primeiro encontro não terminou com um pedido de silêncio, mas com um convite para um café. E o café tornou-se um jantar. Xavi falava de cores e de como a luz da tarde batia na catedral da cidade. Igor, pela primeira vez, falou do pai, também relojoeiro, e de como herdara a oficina e uma certa solidão.
Igor descobriu que o caos de Xavi tinha sua própria ordem, uma ordem passionale. Xavi descobriu que o silêncio de Igor não era vazio, mas repleto de histórias guardadas a sete chaves, como os mecanismos que ele consertava.
O clímax veio numa noite de tempestade. As luzes piscaram e morreram, mergulhando a cidade numa escuridão antiquada. Xavi desceu até a oficina de Igor, uma vela na mão, sua sombra dançando nas paredes.
— Tenho medo do escuro — confessou Xavi, sua voz mais suave do que Igor jamais ouvira.
Igor, cujas mãos trabalhavam com a precisão da luz, não hesitou. — Senta aqui — disse, puxando um banco. — Vou-te mostrar a minha luz.
Enquanto a tempestade rugia lá fora, Igor pegou um dos seus relógios de bolso mais complexos. Com ferramentas minúsculas, fez um pequeno ajuste. Um novo mecanismo, que ele próprio criara, entrou em ação. Do centro do mostrador, uma pequena luz de LED, alimentada pelo movimento do próprio relógio, acendeu-se, projetando no teto um caleidoscópio de estrelas minúsculas, feitas a partir dos furos da engrenagem.
— Fiz isto há anos — sussurrou Igor, a luz dançando em seus olhos sérios. — Mas nunca tive alguém para mostrar.
Xavi não disse nada. Apenas pegou na mão de Igor, a mão do relojoeiro, áspera e certeira, e entrelaçou os dedos com os seus, cobertos de tinta. Naquela oficina silenciosa, iluminada por um céu de engrenagens, os dois mundos — o da ordem e o do caos, o do silêncio e da música — encontraram o seu ponto de equilíbrio. E Igor soube, com a certeza de um mecan