Hugo Dupre fucks a twink in a hotel room
O apartamento de Hugo Dupre era um santuário de ordem e silêncio. Como encadernador de livros raros, suas ferramentas—agulhas, linhas, prensas de madeira—repousavam em perfeito alinhamento sobre a bancada de carvalho. Suas mãos, capazes de restaurar um volume do século XVIII com precisão cirúrgica, tremiam levemente ao pensar na mulher do apartamento 3B.
Ela se chamava Elara, e era o oposto completo de sua existência meticulosa. Ela era pintora. O cheiro de terebintina e tinta a óleo escapava por baixo de sua porta, e Hugo a via às vezes no corredor, com manchas de azul ultramarino no avental e um cabelo escuro que desafiava qualquer tentativa de ordem.
Hugo a admirava de longe, preso na prisão de sua própria timidez. Como poderia aquele homem silencioso, cujo mundo era feito de cantos retos e textos antigos, perturbar aquela força da natureza?
A solução veio, como era apropriado, na forma de um livro.
Ele a encontrou uma tarde, encostada na porta do prédio, segurando um volume antigo com a capa quase descolada. Era um livro de poemas de Fernando Pessoa.
“Parece que ele não sobreviveu ao meu entusiasmo,” ela disse, com um sorriso triste, mostrando as páginas soltas. “Ouvi dizer que você… conserta coisas assim.”
Hugo pegou o livro com uma reverência que ele normalmente reservava para incunábulos. “Eu posso… posso tentar,” ele gaguejou, seu coração batendo como um passarinho preso contra as costelas.
Naquela noite, sob a luz suave de sua bancada, ele não apenas restaurou o livro. Ele o reinventou. Reencadernou-o com um couro verde profundo, a cor dos olhos de Elara. Na contracapa, com uma ferramenta de gofrar, ele imprimiu discretamente um único verso de um dos poemas: *”Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui.”*
Ele devolveu o livro dias depois, suas mãos suadas.
Elara ficou em silêncio por um longo momento, seus dedos acariciando o couro macio. Então, seus olhos encontraram os dele, e ela viu não o homem quieto do corredor, mas o artista que havia transformado seu objeto quebrado em algo mais belo do que era antes.
“É a coisa mais linda que já vi, Hugo,” ela sussurrou. “O livro… e o gesto.”
No dia seguinte, uma pequena tela apareceu encostada na porta de Hugo. Era um retrato dele, não como ele se via—um homem comum—mas como uma figura serena e focada, suas ferramentas de trabalho brilhando como extensões de suas mãos. A luz no quadro era dourada e suave. No canto, ela havia pintado as palavras: *”Para aquele que conserta não apenas páginas, mas silêncios.”*




