Hatler Gurius fucks Spikey Dee
O mundo de **Hatler Gurius** era um de ordem e previsibilidade. Contador de profissão, sua vida era uma planilha perfeita: cada xícara de café às 15h, cada meia dobrada com precisão, cada passo calculado. Seu sobrenome, Gurius, soava como “sério”, e ele levava isso a ferro e fogo.
O mundo de **Spikey Dee** era um furacão de couro, tinta e ruído. Líder de uma banda de garage rock desconhecida, seu nome era uma declaração de guerra contra o comum. Cabelos espetados, jaqueta cheia de patches e um sorriso que desafiava qualquer lógica.
Eles se conheceram no pior lugar possível: o escritório de contabilidade onde Hatler trabalhava. Spikey estava lá para enfrentar a temida declaração de imposto de renda, vestindo sua armadura de couro e uma expressão de puro pânico.
— Preciso de ajuda — ela disse, escancarando uma pasta desorganizada com recibos amassados. — Números são um idioma alienígena para mim.
Hatler, com paciência de santo (ou de contador), começou a organizar o caos. Enquanto ele explicava deduções legais, ela rabiscava monstros e guitarras nas bordas dos formulários.
O amor não entrou como um trovão, mas como um riff de guitarra que fica ecoando na mente. Hatler começou a ir aos shows minúsculos da banda de Spikey, parado no canto, de terno, tentando não se destacar. Spikey, por sua vez, começou a aparecer no escritório fora do horário, com a desculpa de “dúvidas fiscais”, mas sempre trazendo um café diferente e uma nova música para ele ouvir.
Ele a ensinou a encontrar uma harmonia no caos, a ver que até os números tinham uma certa poesia. Ela o ensinou a desarrumar o cabelo, a sentir o som no peito e a dobrar as regras de vez em quando.
A confissão aconteceu em um domingo chuvoso. Hatler estava no seu apartamento imaculado, ouvindo uma demo que Spikey lhe dera. A música era barulhenta, caótica, mas no refrão, a voz dela cortava tudo com uma melodia inesperadamente doce.
Ele ligou para ela.
— Spikey — ele disse, sem preâmbulos. — A sua música… está com o BPM irregular em dois compassos do segundo verso.
Do outro lado da linha, um silêncio. Depois, uma risada.
— E daí, Gurius? Vai me multar?
— Não — ele respondeu, um sorriso tímido surgindo em seu rosto sério. — Só quero saber se posso consertar isso com você. E talvez… te beijar depois.
Spikey apareceu na porta dele em dez minutos, encharcada da chuva, com um sorriso que valia mais que mil declarações fiscais.
— Então você é contador e produtor musical agora, Hatler?
— Só pelo seu rock’n’roll, Spikey. Só pelo seu rock’n’roll.




