Gang Bang Party Part 2 – Alex Tremo, Fabian Rick, Fernando Leonmex, Fer Smith, Pocholito Tamayo

O ar no Bar do Tremo tinha peso e história, uma mistura de tabaco antigo, madeira encerada e o amargor do café da última leva. Alex Tremo, sentado em sua cadeira habitual no fundo, observava o jogo de xadrez congelado à sua frente. Ele não tocava nas peças há semanas. Movê-las parecia um compromisso desnecessário.
A porta rangiu, anunciando não um, mas quatro chegadas. Era um grupo improvável. Na frente, Pocholito Tamayo gesticulava, suas palavras rápidas pintando no ar uma epopeia sobre uma garrafa de vinho roubada de um trem blindado na Transiberiana. Ninguém realmente acreditava, mas era impossível não ouvir.
Atrás dele, Fer Smith apoiava a cabeça na mão, um sorriso cansado nos lábios. Ela era a única que, por profissão, entendia de estruturas reais. Como arquiteta, via o mundo em linhas de carga e tensão, e Pocholito era uma força caótica desestabilizadora, porém fascinante.
Fabian Rick caminhava em silêncio, os olhos fixos no chão de tábuas gastas. No bolso do casaco, seus dedos tamborilavam uma batida complexa e repetitiva contra a perna. Ele estava ali só pelo barulho ambiente, um ruído branco para afogar os demais.
Fechando o grupo, Fernando Leonmex ajustava os óculos, examinando o bar com o olhar minucioso de um ourives. Para ele, cada pessoa era uma joia com uma lapidação única, uma inclusão interessante. Ele estudava os cortes de luz no vidro das prateleiras, a patina do balcão de cobre.
“Alex, meu velho amigo!” bradou Pocholito, arrombando o silêncio do lugar. “Quatro cervejas para os aventureiros! A conta fica com… bem, confiamos na sua generosidade histórica.”
Alex nem piscou. Com um movimento quase imperceptível da cabeça, indicou as cadeiras vazias. Eles se acomodaram, a energia de Pocholito criando uma bolha de desconforto animado ao redor da mesa.
A noite seguiu. Pocholito continuou sua saga, agora envolvendo um duelo com cossacos. Fer interveio com uma pergunta técnica sobre a bitola dos trilhos siberianos, que ele respondeu com invencionice ainda mais elaborada. Fabian, em um raro momento de conexão, perguntou sobre a música que os cossacos cantavam. Fernando, por sua vez, quis saber sobre o design do broche do oficial que Pocholito supostamente desarmou.
Algo curioso começou a acontecer. As mentiras delirantes de Pocholito, ao serem pressionadas pelos detalhes específicos que os outros demandavam, começaram a se transformar. Para satisfazer Fer, ele desenhou na toalha de papel o vagão com uma precisão suspeita. Para Fabian, assobiou uma melodia que, embora inventada, soava autêntica e triste. Para Fernando, descreveu o broche com uma riqueza de detalhes sobre esmaltes filigranados que fez o ourives levantar as sobrancelhas.




