Gang Bang Party Part 1 – Alex Tremo, Fabian Rick, Fernando Leonmex, Fer Smith, Pocholito Tamayo

Em uma São Paulo noturna, onde o concreto parecia respirar o calor do dia que se foi, cinco histórias se cruzaram em um único ponto: o Bar do Tremo.
Alex Tremo, o dono, era um homem de poucas palavras e olhos que enxergavam além do cansaço. Seu bar era um refúgio para almas noturnas, um lugar que não prometia felicidade, mas oferecia um ponto final provisório. Ele escutava mais do que falava, e seu maior orgulho não era a estante de drinks, mas o silêncio respeitoso que mantinha entre os fregueses.
Naquela noite, o bar abrigava seus habitués. No canto mais escuro, Fabian Rick dedilhava um baixo elétrico desconectado, compondo mentalmente um riff que só ele ouvia. Sua música era para dentro, um mantra contra o ruído da cidade que insistia em entrar pelas frestas. Do outro lado do balcão, Fernando Leonmex, um ourives de mãos finas e olhar inquieto, girava um cilindro de prata entre os dedos. Era um protótipo, um objeto que não era anel, nem amuleto, mas algo no limiar. Ele buscava a forma perfeita para conter um vazio.
Ao seu lado, Fer Smith, uma arquiteta com olheiras de quem desenhava cidades ideais sobre a mesa de um bar, rabiscava em um guardanapo. Seus traços eram firmes, criando estruturas impossíveis e funcionais ao mesmo tempo. Ela construía mundos no papel porque o real, às vezes, era mal planejado.
A porta do bar se abriu com um toque de hesitação, trazendo o quinto elemento: Pocholito Tamayo. Ele era o oposto da atmosfera contida do lugar. Contador de histórias por excelência, vendedor de sonhos e, alguns diziam, de mentiras bem contadas. Trazia consigo o cheiro de aventuras duvidosas e o brilho nos olhos de quem acabara de fugir de algum problema. Parou na frente do balcão, olhou para Alex e anunciou, sem cerimônia:
— Preciso de um drink forte e de um ouvido ainda mais forte. Tenho uma história que pode mudar a vida de todos aqui.
Um silêncio caiu sobre o bar. Fabian parou de dedilhar. Fernando segurou o cilindro de prata. Fer olhou dos rabiscos para o recém-chegado. Alex, impassível, começou a preparar um Negroni sem pedir.
Pocholito se instalou e começou sua narrativa. Falou de um mapa antigo, de uma fortuna escondida nas fundações de um prédio esquecido no centro, de uma sociedade secreta que guardava o segredo. Suas palavras eram como névoa, prendendo a atenção, criando formas no ar que depois se dissipavam. Fabian começou a ouvir uma batida na cabeça, uma trilha para aquela aventura. Fernando viu no cilindro de prata não mais um objeto abstrato, mas a chave para um cofre. Fer, no guardanapo, começou a desenhar a planta baixa do tal prédio esquecido.
Só Alex permanecia cético, esfregando um copo com método. Conhecia o tipo. Pocholito não era um mentiroso mal-intencionado; ele era um tecelão de realidades alternativas. Sua mercadoria era o “e se”.
— E qual é o seu papel nisso tudo, Pocholito? — perguntou Alex, colocando o drink na mesa.
— O condutor! — respondeu ele, com um sorriso largo. — O guia. Eu tenho o mapa… bem, a ideia do mapa. Mas preciso de um time. Um músico para criar a trilha sonora da busca, um artesão para decifrar os mecanismos, uma arquiteta para encontrar o caminho nas pedras.
Era uma loucura. Uma fantasia. Mas naquela noite, sob a luz baixa do bar, a fantagem pareceu respirar. Fabian anotou uma sequência de notas no guardanapo de Fer. Fernando pegou o cilindro e, com um gesto preciso, abriu-o revelando um compartimento oculto – vazio, mas pronto. Fer sobrepôs seu rabisco ao mapa imaginário de Pocholito, e por um instante, tudo pareceu possível.




