Gael Mafra and Miguel Olivetto fuck
O estúdio de Gael Mafra era um caos organizado, o tipo de lugar onde as ideias vinham para morar e se multiplicar antes de ganharem vida. Rascunhos de personagens de quadrinhos cobriam todas as paredes, desde heróis musculosos até criaturas fantásticas de mundos inexistentes. Era seu reino, sua prisão doce, onde ele passava dias a fio lutando contra a página em branco e a sua própria exigência implacável.
Foi em uma dessas batalhas silenciosas, enquanto Gael arrancava os cabelos sobre o design do vilão principal de sua nova graphic novel, que a porta se abriu. Não era um vento forte, nem um cliente ansioso. Era Miguel Olivetto.
Miguel não batia à porta; ele simplesmente a ocupava com uma presença tranquila. Seus olhos, calmos e analíticos, percorreram o estúdio num piscar de olhos, não julgando a bagunça, mas decifrando-a. Ele era um arquiteto de narrativas de outro tipo, um mestre em estruturar o invisível, em dar lógica e alma a sistemas e espaços.
“O problema não é o vilão, Gael,” disse Miguel, sua voz um contraste suave com o ruído interno do artista. “É o castelo dele. Está vazio. É só pedra. Não conta uma história.”
Gael ficou parado, o lápis suspenso no ar. Como Miguel podia saber? Eles mal se cumprimentavam nos corredores do prédio.
Miguel aproximou-se, não dos rascunhos do vilão, mas de um esboço esquecido do cenário principal – uma fortaleza gótica e sombria. “Um lugar assim… ele molda quem vive nele. Ele é um personagem. E o seu vilão,” ele apontou para a figura ameaçadora no papel de Gael, “está lutando contra o próprio cenário, não contra o herói. O cenário é que o tornou assim.”




