Gabriel Cross and Peter Sinnerpitt fuck

O vento soprava frio nas ruas de Londres naquela noite de 1932, carregando o cheiro de chuva iminente e carvão queimado. Do alto de seu apartamento, Gabriel Cross observava a cidade através do vidro embaçado, seu refúgio silencioso contra o mundo. Ele era um homem de hábitos imutáveis: chá às cinco, um livro às oito, e solidão até o amanhecer. Herdeiro de uma fortuna da qual não queria parte, Gabriel vivia de aparências, um fantasma elegante em ternos caros.
Tudo mudou na exposição de arte moderna na Tate Gallery.
Ele foi por obrigação social, não por prazer. Caminhava pelos salões com ar entediado, até que um quadro o fez parar. Era um caos de cores escuras e pinceladas furiosas, intitulado “A Alma do Pecador”. E no canto inferior, assinado com um nome que parecia uma contradição: *Peter Sinnerpitt*.
Enquanto observava, fascinado pela brutal beleza da obra, um homem aproximou-se dele.
“Vejo que o senhor não desviou o olhar imediatamente. A maioria o faz.”
Gabriel virou-se e deparou-se com um jovem de olhos claros e intensos, com as mangas da camisa manchadas de tinta. Seu cabelo era uma desordem loura e suas mãos, ásperas e criativas, não combinavam com a finura de seus traços.
“Peter Sinnerpitt”, apresentou-se o artista, com um sorriso que era ao mesmo tempo desafiador e cansado.
“Gabriel Cross”, respondeu Gabriel, sentindo um frio na espinha. “Sua obra é… perturbadora.”
“É a intenção. A santidade é entediante. O pecado, não. O pecado tem textura, cor, vida.”
Aquela foi a primeira de muitos encontros. Peter, com sua irreverência e paixão transbordante, começou a frequentar o apartamento imaculado de Gabriel. Trouxe consigo tintas, telas em branco e um furacão de ideias que varreu a poeira da existência metódica de Gabriel. Ele pintava no meio da sala, falava sobre arte e a hipocrisia da sociedade alta, e ria com uma liberdade que Gabriel nunca permitira a si mesmo.
Gabriel, por sua vez, oferecia estabilidade. Um porto seguro para a tempestade que era Peter. Ensinou-lhe sobre vinhos clássicos e música erudita, mas, mais importante, ofereceu-lhe um olhar que entendia a dor por trás da fúria artística.
O amor não nasceu de um rompante, mas de um acúmulo de momentos. Um toque casual ao passar uma xícara de chá que durou um segundo a mais do que o necessário. O hábito de Gabriel limpar suavemente uma mancha de tinta do rosto de Peter. As longas conversas noturnas onde palavras desnecessárias não eram需要的.
Era um amor perigoso para a época, um segredo guardado entre quatro paredes, mais valioso que qualquer herança.
A crise chegou com um telegrama. A família de Gabriel descobriu o “escândalo” e deu um ultimato: ele acabaria com aquela “amizade” degradante ou seria deserdado e tornaria-se um pária.
Naquela noite, a tempestade que sempre ameaçara finalmente chegou. A chuva batia forte nas janelas do apartamento.
“Você não pode desistir de tudo por minha causa, Gabriel”, disse Peter, sua voz um sussurro rouco. Ele olhou para suas mãos, as mesmas mãos que criavam beleza a partir da escuridão, e sentiu-as indignas. “Eu sou o Sinnerpitt. O pecador. Você é o Cross. A cruz, a redenção. Não fomos feitos para o mesmo destino.”
Gabriel olhou para o homem que trouxera cor para sua vida em tons de cinza. Olhou para os quadros que agora enchiam sua casa, cada um uma peça da alma de Peter. E então, olhou para a carta de sua família, um símbolo de uma vida vazia, porém segura.
Com uma calma que não sentia, Gabriel caminhou até a lareira e jogou a carta nas chamas.
“Eles estão errados”, disse, sua voz firme. “Eles pensam que você é o pecador e eu sou o santo. Mas você me mostrou que viver uma mentira é o verdadeiro pecado. Você não é o Sinnerpitt, Peter. Você é o homem que me mostrou como viver. E eu não sou o Cross. Sou apenas o homem que te ama.”
As palavras pairaram no ar, mais quentes que o fogo na lareira. Peter não disse nada. Em vez disso, cruzou a sala e, pela primeira vez, beijou Gabriel não como um segredo, mas como uma promessa.
Do lado de fora, a chuva começou a diminuir. Dentro do apartamento, cercados por telas que contavam sua história, os dois homens entenderam que haviam encontrado uma nova definição para seus nomes. Juntos, não eram mais um fardo ou um pecado. Eram simplesmente amor. E naquela Londres adormecida, era tudo o que importava.