Fucking a sexy latino – Kryz XXX, Zonicman

O ar na boate Nexus era uma mistura pulsante de suor, perfume doce e o zumbido elétrico da música. No palco, sob luzes estroboscópicas que cortavam a escuridão como facas, Kryz XXX era uma divindade digital. Seu corpo, um instrumento de pura energia cinética, movia-se com uma agressividade hipnótica, cada movimento um comando, cada olhar um desafio. Seu nome era um sinônimo de performance de ponta, uma fusão de humano e máquina que arrancava gritos da multidão. Ela era o ápice, a atração principal, um furacão de luz e som que consumia tudo à sua volta. E depois do show, ela desaparecia, envolta em um silêncio frio que nenhum fã conseguia penetrar.
Nos bastidores, a realidade era mais crua. O silêncio que seguia o show não era paz; era um vácuo. O corpo de Kryz doía, a maquiagem pesada escondia olheiras profundas, e o eco dos aplausos morria rapidamente, deixando apenas o zumbido ensurdecedor em seus ouvidos. Ela era um produto, uma marca – Kryz XXX –, e o humano por trás do avatar estava se perdendo.
Naquela noite, um som diferente cortou o zumbido em seus fones de cancelamento de ruído. Não era música. Era… conserto. Um tap-tap-tap ritmado, seguido pelo suave zunir de uma chave de fenda elétrica. Era um som metódico, pacífico. Intrigada, ela seguiu o som até um corredor escuro de serviço.
Lá, iluminado pela tela de um tablet e pela luz fria de uma lâmpada LED, estava Zonicman. Seu macacão de técnico tinha um patch bordado com seu apelido. Ele estava de cabeça dentro de um painel de controle avariado, suas mãos – surpreendentemente delicadas para um técnico – movendo-se com uma confiança calma e precisa. Ele não consertava; ele orquestrava.
Kryz observou, fascinada. Ele cantarolava baixo, uma melodia absurda e descompassada, completamente alheio à diva do techno que observava sua nuca suada.
— Você vai queimar o circuito — a voz de Kryz soou áspera, quebrada pelo desuso pós-show.
Zonicman não se assustou. Ele simplesmente puxou a cabeça para fora do painel e olhou para ela. Seus olhos não eram de fã. Eram de um profissional vendo outro profissional.
— O capacitor já estava fried. Tô só dando um jeito de contornar até a peça nova chegar amanhã — ele explicou, como se fosse óbvio. — Sua performance tonight foi 12% acima do limiar de distorção segura dos alto-falantes do palco esquerdo, sabia? Quase fez a bobina do woofer derreter.
Kryz ficou paralisada. Ninguém nunca lhe falara algo assim. Era sempre “você foi incrível”, “arrasou”, “explodiu a pista”. Ele falava em porcentagens, limiares e bobinas. Era a coisa mais não-erótica e mais genuína que alguém já dissera para ela em anos.
— Eu… não sabia — foi tudo que ela conseguiu dizer.
— Claro que não. Você tá lá pra performar. Eu tô aqui pra garantir que o palco não pegue fogo — ele disse com um meio-sorriso, voltando ao painel. — É uma parceria.
Uma parceria. As palavras ecoaram na mente vazia de Kryz.
Ela começou a aparecer mais naquela sala de controle. No início, era só para ouvir ele cantarolar e explicar sobre equalização de frequências e impedância. Ele não a tratava como Kryz XXX. Tratava-a como… um colega engenheiro. Um parceiro de crime técnico.
Ele notou a tensão em seus ombros após os shows e, um dia, sem cerimônia, colocou suas mãos hábeis em seus músculos contraídos. Não era uma massagem sensual de fã. Era um ajuste técnico, focado em pontos de tensão específicos. E foi a coisa mais íntima que Kryz experimentara em uma década.
— Você conserta tudo, não é? — ela murmurou, de olhos fechados.
— Só o que tem um manual, uma lógica — a voz de Zonicman era suave perto de seu ouvido. — Pessoas são mais complicadas. Sistemas fechados.
— Meu sistema está com bug — ela confessou, a vulnerabilidade escapando como um sussurro de código corrupto.
Zonicman parou por um segundo. — Todo sistema precisa de um reboot às vezes. E um bom firewall. — Ele fez uma pausa. — A gente pode trabalhar nisso.
Kryz abriu os olhos e olhou para ele. Pela primeira vez, ela não viu um técnico. Viu um arquiteto. Um homem que construía coisas que funcionavam, que consertava o que estava quebrado. Alguém sólido em seu mundo de fumaça e espelhos.
E Zonicman viu, além do avatar Kryz XXX, a mulher exausta que precisava de silêncio, não de aplausos. Que precisava de um conserto, não de um upgrade.
Numa noite, após consertar não o palco, mas o fone de ouvido pessoal favorito dela, seus dedos se encontraram sobre a mesa de trabalho, entrelaçados entre cabos e ferramentas. Não houve discurso. Não houve performance. Apenas o toque de duas pessoas que entendiam que por trás de todo grande show, há sistemas que precisam ser cuidados, conexões que precisam ser firmes e um silêncio compartilhado que vale mais que qualquer música.
E assim, a estrela do techno e o mago dos sons encontraram uma nova frequência. Uma que não estava nos alto-falantes, mas no espaço quieto entre dois corações, onde o zumbido finalmente parou, e apenas a batida suave deles permaneceu.