French Boy 3way – Arno Antino, Felix Trainor, Jace Starr
O ar no “Café Paradox” sempre cheirava a grãos torrados e sonhos não escritos. Era ali que Arno Antino, um escritor de mãos trêmulas e histórias presas na garganta, observava o mundo através do vapor de seu chá de lavanda. Seu refúgio era um canto perto da janela, longe do burburinho do balcão, onde Felix Trainor, o dono, criava pequenas obras-primas de açúcar e farinha.
Felix era um furacão de energia gentil, com farinha no avental e um sorriso que podia acalmar qualquer tempestade interior. Ele notara a solidão quieta de Arno há semanas, e sempre colocava um biscoito em forma de estrela extra em seu pires.
Um dia, o equilíbrio tranquilo do café foi quebrado. A campainha da porta tilintou de forma mais agressiva, e entrou Jace Starr. Jace era o oposto de Arno: um artista de rua com roupas cheias de tinta, voz alta que contava histórias de suas viagens, e um carisma que preenchia o ambiente como uma nota musical sustentada. Ele pediu um “café forte o suficiente para acordar os mortos” e, ao ver Arno encolhido em seu canto, puxou uma cadeira.
“Sua aura está pensativa hoje, amigo”, disse Jace, sem cerimônia.
Arno, surpreso, engasgou com seu chá. Felix, do balcão, observou com um sorriso intrigado, esfregando uma xícara de café já limpa.
Contra todas as probabilidades, uma amizade improvável nasceu. Jace começou a frequentar o café diariamente, trazendo consigo o caos colorido do mundo exterior. Ele arrastava Arno para caminhadas pela cidade, mostrando-lhe a beleza na arquitetura decadente e nas pessoas comuns. E, sempre, retornavam ao café, onde Felix os recebia com um novo doce experimental e um ouvido atento.
Arno, que antes só viajava através das palavras, começou a ver o mundo através dos olhos audaciosos de Jace. E Jace, que sempre se moveu rápido demais para se enraizar, encontrou um porto seguro na calma de Arno e no café aconchegante de Felix.
O amor, no entanto, não era uma linha simples entre dois pontos. Era um triângulo delicado e não dito. Arno se descobria roubando olhares para as mãos hábeis de Felix enquanto ele amassava o pão. Jace se sentia inexplicavelmente completo quando via os dois rindo juntos na cozinha, num mundo próprio. E Felix, o anfitrião, era o mais perdido de todos, pois seu coração batia mais forte tanto com a chegada do furacão colorido quanto com o sorriso tímido que o escritor finalmente começava a mostrar.
A tensão silenciosa veio à tona numa noite chuvosa. Jace anunciou que partiria em uma semana, um trabalho temporário em outra cidade. O ar no café ficou pesado. Arno recuou para sua concha, a dor da iminente perda fechando sua garganta mais uma vez. Felix ficou em silêncio, polindo as xícaras com uma ferocidade incomum.
