Fode gostoso vai meu puto – Miguel Rey e Prince Flackoo
A cidade vivia sob o ritmo do concreto e do trânsito, um som cinza e constante. Miguel Rey era um poeta desse asfalto. Entregador de moto, ele conhecia cada beco, cada atalho, cada história escondida por trás das fachadas. Sua vida era um mapa de endereços e prazos curtos, sua poesia escrita no vento que lhe batia no rosto.
Num edifício antigo de fachada cor-de-rosa, um endereço se repetia com frequência em sua lista de entregas: “Flackoo”. Sempre encomendas estranhas: tintas metálicas, pedras brutas, penas coloridas, incensos com cheiros exóticos.
Certa tarde, com um pacote leve e frágil em mãos, Miguel subiu até o último andar. A porta estava entreaberta. Ele bateu levemente.
“Pode entrar, a energia já está aberta!” uma voz cantante respondeu de dentro.
Miguel empurrou a porta e parou, desconcertado. O apartamento não tinha paredes, apenas cortinas de veludo colorido. O ar cheirava a sândalo e algo doce, como algodão-doce queimado. E no centro da sala, envolto em uma capa bordada, estava Prince Flackoo.




