Ezra Mahomes gets fucked by Marcus McNeill
Ezra Mahones acreditava que o mundo se dividia em duas categorias: coisas que podiam ser catalogadas em seu arquivo meticuloso de botânica, e coisas que deviam ser evitadas por causa do caos que traziam. Marcus McNeill era, definitivamente, da segunda categoria.
Ele chegou ao conservatório da universidade como um furacão de riso alto e roupas com tinta, contratado para pintar um mural na parede leste. Ezra, encarregado de supervisionar qualquer “intervenção potencialmente prejudicial à flora”, foi designado para acompanhá-lo.
“Então, você é o guardião das plantas”, Marcus disse no primeiro dia, um sorriso desarmante no rosto, as mãos manchadas de azul cobalto. “Tem cara de quem conversa com as samambaias.”
“E você tem cara de quem derruba o vaso da samambaia”, Ezra respondeu, sem humor, ajustando os óculos.
Os dias seguintes foram um exercício de paciência. Marcus fazia perguntas incessantes: por que aquela folha era aveludada, se a orquídea sentia frio, o que azedava o humor de Ezra. Em troca, ele coloria o ambiente com histórias de viagens, de telas pintadas em telhados de Barcelona e de cafés em Viena. O mural, uma explosão de flores imaginárias que mesclavam espécies reais e fantasia, começou a crescer, vibrante e desordenado.
O ponto de virada foi um desastre. Marcus, ao tentar alcançar um ponto alto, derrubou um carrinho de ferramentas sobre a preciosa *Dionaea muscipula* de Ezra, a planta carnívora que ele cultivava desde semente. O vaso se espatifou, a terra se espalhou.
Ezra ficou mudo, o rosto pálido de raiva e decepção. Marcus esperou o grito, a repreensão. Mas Ezra apenas se ajoelhou, as mãos trêmulas começando a resgatar a planta do solo desfeito.
“Eu… Eu consigo consertar”, Marcus falou, a voz incomumente baixa.
“Não se trata de consertar”, Ezra disse, sem olhar para cima. “Trata-se de cuidado. De atenção. De perceber que as coisas frágeis precisam de espaço para respirar, não de um redemoinho ao redor.”
Marcus ajoelhou-se ao lado dele, em silêncio, e começou a ajudar. Naquela hora, arrumando a terra, ele não falou de cores ou de paisagens distantes. Observou as mãos cuidadosas de Ezra, a dedicação absoluta naquele microcosmo verde. E viu, pela primeira vez, a beleza profunda e quieta daquela pessoa que catalogava o mundo para tentar entendê-lo.
A partir daí, algo mudou. Marcus passou a chegar mais cedo, trazendo um café extra, sem falar alto perto das epífitas. Ezra, por sua vez, começou a notar a maneira como Marcus misturava os verdes no mural, criando nuances que os livros nem sempre capturavam. Uma tarde, Ezra apontou para uma trepadeira no mural.
“Essa *Philodendron* tem uma folha a mais do que o normal. É… artisticamente licenciosa”, disse, um quase-sorriso nos lábios.
Marcus riu, o som agora mais suave. “Talvez ela só precise de um pouco mais de espaço para se expandir. Como algumas pessoas.”
O mural foi concluído. Uma selva de sonhos que parecia respirar junto com as plantas de verdade. No último dia, com o trabalho aceito e elogiado, Marcus encontrou Ezra regando a *Dionaea*, agora recuperada em um novo vaso.
“Vou sentir falta do barulho das folhas”, disse Marcus, as mãos no bolso.
“O conservatório é público. Você pode voltar para visitá-las”, Ezra respondeu, o olhar fixo no regador.
“E para visitar o guardião?”
Ezra finalmente o encarou. No olhar de Marcus, não havia mais o caos inicial, mas uma paisagem nova, tão complexa e interessante quanto qualquer uma de suas plantas. Havia uma pergunta genuína, um espaço aberto.
“O guardião”, Ezra disse, a voz um sussurro quase inaudível, “admitiu recentemente que alguns dos crescimentos mais belos acontecem fora do catálogo. Em solo inesperado.”
Marcus estendeu a mão, não para um aperto, mas para tocar levemente o solo do vaso entre eles. Seus dedos encontraram os de Ezra, manchados de terra e água.
E ali, entre o silêncio das samambaias e a explosão de cores do mural, algo novo desabrochou. Frágil como uma muda, forte como uma raiz, e totalmente fora do catálogo.




