Evan Jordie fucks Jake Mathews
						O silêncio da livraria “Páginas Encantadas” após o fechamento era o som favorito de Evan Jordie. Era um silêncio vivo, habitado pelos sussurros de milhares de histórias adormecidas nas prateleiras. Como o jovem e tímido proprietário do lugar, Evan era mais confortável entre personagens de ficção do que com pessoas de carne e osso. Ele organizava os livros por emoção, não por gênero, e seu coração era um manuscrito frágil, cheio de histórias nunca contadas.
Tudo mudou numa tarde de outono, quando o badalar do sino na porta anunciou a entrada de **Jake Mathews**.
Jake era o oposto de Evan. Um carpinteiro que construía decks e estantes com as mãos calejadas, cuja presença preenchia a livraria como um raio de sol. Ele cheirava a serragem e café fresco, e sua risada era um som despreocupado que fazia Evan levantar os olhos de seus livros.
“Preciso de um presente”, Jake anunciou, suas botas deixando pequenos vestígios de terra no chão de madeira limpo. “Para minha irmã. Ela adora ler.”
Evan, com o coração batendo um pouco mais rápido, guiou-o até a seção de “Histórias de Coragem Disfarçada”. Jake não folheou os livros com desdém, mas com uma curiosidade genuína, fazendo perguntas que iam além da sinopse.
“O que esse personagem aprende no final?” ou “Esse livro tem uma boa cena de beijo?”
Evan respondia, inicialmente com frases curtas, depois com parágrafos inteiros, descobrindo que sua voz não tremia quando falava sobre as histórias que amava.
Jake comprou o livro. E voltou na semana seguinte. E na outra. Sempre com uma desculpa: um presente para um amigo, um livro para ler durante uma viagem, uma recomendação para um dia chuvoso. Evan começou a esperar por essas visitas, a curar pilhas de livros que achava que Jake poderia gostar, suas capas formando um arco-íris de possibilidades.
O amor deles não foi declarado com palavras grandiosas, mas escrita nas entrelinhas dos seus encontros.
Foi no marcador que Jake fez à mão, de madeira de cerejeira, com o nome “Evan” entalhado num canto. Foi no café com leite que Evan começou a ter sempre pronto, sabendo que Jake apareceria às 15h17 em ponto. Foi na maneira como Jake arrumou uma prateleira que estava prestes a desmoronar, sem ser perguntado, seu toque firme consertando não apenas a madeira, mas um pedaço da solidão de Evan.
A confissão aconteceu num sábado tranquilo. A livraria estava vazia, e a chuva batia suavemente contra as vitrines. Jake estava a folhear um livro de poesia, seus dedos grossos contrastando com a delicadeza das páginas.
“Este aqui”, ele disse, mostrando a Evan um poema sobre um carpinteiro que construía casas, mas não tinha um lar. “Parece… familiar.”
Evan sentiu o chão ceder sob seus pés. “Jake”, ele começou, sua voz um sussurro. “Você nem mesmo gosta de ler, pois não?”
Jake fechou o livro lentamente e olhou para Evan. Seus olhos, normalmente brincalhões, estavam sérios.
“Evan”, ele disse, o nome soando como um segredo guardado. “Eu não venho aqui pelos livros. Venho pelo silêncio que você quebra. Pela maneira como seus olhos brilham quando fala sobre mundos que não existem. Você é a melhor história que já encontrei, e estou com medo de chegar ao último capítulo.”
Evan ficou sem ar. O manuscrito frágil do seu coração estava sendo aberto, e alguém estava finalmente lendo as palavras.
“Você não vai”, Evan sussurrou, estendendo a mão através do balcão, tocando os dedos calejados de Jake. “Porque esta é uma daquelas histórias que não tem fim.”
Jake sorriu, um sorriso que iluminou a livraria inteira mais do que qualquer lâmpada. E naquele espaço silencioso, entre as pilhas de livros e o cheiro de papel antigo, os dois mundos – o dos sonhos encadernados e o das mãos que constroem coisas reais – se entrelaçaram, encontrando, finalmente, um enredo que pertencia apenas a eles.
				



