Evan Jordie fucks Chenny (Xchennyxxx)

O ar no estúdio de dança “Vértice” estava carregado de suor e ambição. **Evan Jordie** era uma força centrífuga no centro da sala, seus movimentos uma fusão de *breakdance* e contemporâneo que parava o trânsito de quem passava pelo corredor de vidro. Cada passo era preciso, cada giro, uma declaração. Ele dançava como quem luta, como quem constrói algo com os ossos e músculos, e seu rosto, no esforço, era sério, quase severo.
Do outro lado do vidro, no sofá da recepção, **Chenny** (ou **Xchennyxxx**, como seu username em todos os lugares proclamava) tentava se fazer invisível. Era o primeiro dia do irmão mais novo nas aulas de hip-hop, e Chenny estava ali como babá voluntária. Enquanto esperava, os fones de ouvido tampavam qualquer som externo, e seus dedos voavam sobre a tela do tablet. Não era um jogo ou uma rede social; era um universo de cores e formas. Chenny criava *stickers* digitais — pequenas obras de arte de personagens fofos com expressões exageradas, para servirem de reação em chats e streams. Seu mundo era silencioso, tátil e confinado a alguns polegadas de tela.
Evan terminou sua sequência com um *freeze* potente, a respiração ofegante. Ao se levantar, seus olhos encontraram, por acaso, os de Chenny através do vidro. Chenny, distraído, havia abaixado um lado do fone e olhava fixamente, não para Evan, mas para o reflexo da luz no suor de seu pescoço, com uma expressão de pura análise estética. Evan sentiu um frisson estranho — não era a admiração habitual que ele ignorava. Era um olhar profundo, técnico, quase como se o estivesse desenhando.
Uma hora depois, Evan saiu para beber água e encontrou Chenny sozinho na recepção, absorto no tablet. O irmão mais novo ainda estava na aula. Evan aproximou-se, curiosidade superando seu habitual foco.
“É bom?”, perguntou Evan, a voz um pouco rouca do esforço.
Chenny deu um salto, quase deixando o tablet cair. “Desculpa! Eu… estava só…” A tela, porém, estava visível. Nela, um esboço rápido, inconfundível: a silhueta de um dançarino em *freeze*, mas com uma expressão de raiva fofinha e pequenas faíscas saindo de suas mãos.
Evan inclinou a cabeça. “Sou eu?”
Chenny ficou escarlate. “É só um rascunho! Eu faço *stickers*. É tipo… uma reação. Para quando alguém está com muita energia, sabe? ‘Poder Explosivo’ ou… algo assim.”
Evan, normalmente tão seguro no seu domínio físico, sentiu-se deslocado. Aquele era um idioma diferente. “Poder Explosivo”, ele repetiu, um sorriso lento surgindo em seu rosto sério. “Gostei. Posso ver?”
Na semana seguinte, Evan começou a aparecer na recepção depois das suas aulas. Ele pedia para ver os *stickers* de Chenny. Descobriu um mundo de emoções minúsculas e perfeitas: um dragão chorando porque queimou o jantar, um gatinho com cara de bravo segurando uma espada de pelúcia. Era a antítese do seu próprio mundo de suor e impacto físico, e era fascinante.
Chenny, por sua vez, começou a ficar para ver as aulas de Evan através do vidro. Começou a desenhar não só o movimento final, mas a transição, a preparação. Evan via os desenhos depois: sua própria figura estilizada em linhas fluidas, capturando a *preparação* para o poder, não apenas o poder em si.
“Você vê coisas que eu não vejo”, disse Evan uma vez, admirando um *sticker* de um dançarino cujos pés eram raízes crescendo no chão, firme.
“E você faz coisas que eu só consigo rabiscar”, Chenny respondeu, olhando para as próprias mãos, que só conheciam o toque suave de uma caneta stylus.
O presente de aniversário de Evan foi a primeira coisa que Chenny fez fora do digital. Era um caderno de esboços. Na primeira página, Chenny havia colado um *sticker* físico, uma impressão especial de um dançarino (Evan) e um artista de tablet (Chenny) sentados costas com costas, um olhando para a frente, o outro para trás, conectados por uma linha de fones de ouvido que se entrelaçava como uma corda de escalada.
“Para você traduzir o que vê”, disse Chenny, timidamente.
Evan não disse nada. Abriu o caderno em uma página limpa, pegou uma caneta comum (não uma stylus) e, com linhas hesitantes mas determinadas, desenhou duas figuras de palito. Uma maior, em posição de dança. Outra menor, sentada, com um coração acima da cabeça. Embaixo, escreveu: **EVAN JORDIE & XCHENNYXXX**.
Era tosco. Era imperfeito. Era a coisa mais bonita que Chenny já tinha visto.
A partir daquele dia, Evan às vezes desenhava no caderno, esboços de coreografias vistas como diagramas. E Chenny, às vezes, colocava os fones de lado e entrava no estúdio vazio com Evan, tentando, rindo, imitar um movimento básico, suas mãos outrora tão precisas no digital, desajeitadas no ar.
Eles eram um paradoxo: **Evan Jordie**, que expressava tudo com o corpo todo, e **Chenny**, que condensava universos emocionais em um quadrado de 512 pixels. Juntos, descobriram que a arte não estava no meio, mas na tradução. Ele lhe dava o movimento; ela lhe dava o significado. E no espaço entre um giro e um *sticker*, entre o suor e o toque de uma tela, nasceu uma história de amor pequena e perfeita, como um emoji raro que só os dois entendiam.




