
O sol da tarde tingia o céu de Los Angeles de laranja e rosa quando Emilio Reynolds fechou a porta do seu Jeep pela última vez. A galeria de arte “O Último Reflexo” estava pronta para a inauguração que poderia definir sua carreira. Mas o coração dele estava longe dali, em um avião cruzando o Atlântico.
Um ano antes, Emilio era um artista lutando, e Shane Mendes era o seu porto seguro. Shane, com seus olhos que misturavam o verde do oceano com o dourado do sol, e uma paciência de santo para aguentar as noites insones de Emilio e as manchas de tinta pela sala. Eles moravam juntos em um apartamento minúsculo, onde o cheiro de tinta a óleo e café sempre forte era o perfume do seu amor.
Tudo começou a desmoronar seis meses atrás. Jay Campion, um colecionador excêntrico e irresistivelmente carismático, apareceu na vida de Emilio. Jay era o oposto de Shane: imprevisível, perigoso e fascinado pelo fogo criativo de Emilio. Ele não apenas comprou três quadros, mas comprou a atenção de Emilio. Sussurros em festas galantes, elogios que arranhavam o ego, e a promessa constante de um mundo mais brilhante.
Shane assistiu à transformação. Viu os olhos de Emilio, outrora fixos nos seus, se voltarem para o horizonte dourado que Jay prometia. A discussão final foi um eco doloroso de muitas outras.
“Ele só está interessado na minha arte, Shane,” Emilio insistiu, evitando o olhar do parceiro.
“Ele está interessado em *você*, Emilio. E você está se deixando levar. O Johnny já me contou sobre as festas, as viagens que ele planeja… só você e ele.” Johnny Eilish, o melhor amigo de Shane desde a infância, era um romancista com um talento nato para detectar dramas iminentes.
“O Johnny exagera! E o Billy? Ele não para de me encher com histórias de que eu estou me vendendo?” Billy Coogan, o irmão mais velho e protetor de Emilio, era um arquiteto de sólida moralidade que nunca aprovara completamente Jay.
“Ele se preocupa com você! *Eu* me preocupo com você!” Shane argumentou, a voz carregada de uma fadiga que ia além do cansaço físico.
Mas Emilio não ouviu. Ele escolheu a tempestade prometida por Jay em vez da calmaria de Shane. Na manhã seguinte, suas malas estavam na porta. Shane estava sentado no sofá, o rosto pálido e determinado.
“Se você for embora com ele para essa turnê europeia, não espere que eu esteja aqui quando você voltar,” disse Shane, a voz um fio de tranquilidade cortante.
Emilio partiu. A Europa foi um turbilhão de hotéis de luxo, vernissages e os olhos de Jay sempre sobre ele, possessivos e satisfeitos. Mas a alegria era oca. Cada museu visitado fazia lembrar das promessas que ele e Shane tinham feito de verem juntos aqueles lugares. Cada elogio soava falso sem os ouvidos de Shane para compartilhá-lo.
A gota d’água foi Chandler Swanson. Um crítico de arte britânico, amigo de longa data de Jay, que puxou Emilio de lado em uma festa em Paris.