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Eddie Patrick fucks Fabian Divani

Na Rua dos Relógios Parados, onde o tempo parecia ter escorrido para um ralo e esquecido de voltar, Eddie Patrick guardava silêncios. Sua loja, “Patrick & Esquecidos”, era um depósito de coisas que haviam perdido seu propósito: rádios de válvula que só sintonizavam estática de 1947, bonecas com um só olho, pianos com teclas amarelecidas como dentes velhos. Eddie não consertava para vender; ele consertava por pena. Acreditava que cada objeto carregava um eco do último desejo que lhe fora dirigido, e deixá-lo quebrado era uma espécie de crueldade.

Do outro lado da rua, em um apartamento minúsculo com cortinas sempre puxadas, vivia Fabi. Ninguém a via, mas todos a ouviam. Ela era a mais brilhante violinista da Orquestra Sinfônica da cidade, uma estrela que queimava com uma luz intensa e fria. Seu som era de uma perfeição técnica impecável, tão pura que cortava como uma lâmina de gelo. Mas os críticos sussurravam: “Ela toca sem alma”. Fabi ouvia isso, e cada sussurro era um prego no caixão de sua paixão. Ela não conseguia mais sentir a música, só executá-la. O violino em suas mãos era apenas um objeto, uma extensão quebrada de si mesma.

Uma noite, depois de um concerto onde os aplausos soaram a ela como um ruído ensurdecedor e vazio, Fabi não aguentou mais. Em um ato de fúria silenciosa, ela pegou seu precioso violino italiano do século XIX e atirou-o contra a parede. O som da madeira rachando foi mais real do que qualquer nota que ela tirara em anos.

Horrorizada com o próprio ato, mas incapaz de olhar para os estilhaços, ela embrulhou os pedaços em um pano e, na calada da noite, deixou o pacote na porta da loja de Eddie, sem bilhete, sem explicação.

Na manhã seguinte, Eddie encontrou o pacote. Ao desembrulhá-lo e ver os cacos do instrumento magnífico, ele não viu destruição. Viu dor petrificada. Ele reconheceu a marca do luthier – era um instrumento de museu. E também reconheceu o gesto: não era um descarte, era um grito de socorro em forma de madeira.

Eddie Patrick não era um luthier. Mas era um arqueólogo de almas perdidas. Ele aceitou o desafio.

Não tentou restaurar o violino à sua glória anterior. Em vez disso, usando cola de peixe, fios de cobre recuperados de um telefone antigo e lascas de uma mesa de carvalho que guardava o eco de mil jantares em família, ele começou a recompor o instrumento. Ele colou as rachaduras, mas deixou as cicatrizes visíveis. No lugar de um pedaço faltante do tampo, ele incrustou um fragmento de espelho de um pó-compacto vintage. Quando a estrutura esteve estável, ele fez a parte que considerava mais importante: sintonizou-se. Sentou-se no escuro da loja, com o violino no colo, e deixou suas mãos repousarem sobre ele, não para tocar, mas para escutar. Ele buscou o eco do último som verdadeiro que o violino fizera – não a música perfeita de Fabi, mas o grito de raiva e desespero que o arremessara contra a parede.

Enquanto isso, Fabi, envergonhada e vazia, vagueava pela cidade. O silêncio em seu apartamento era insuportável. Sem o violino, ela não sabia quem era. Até que, arrastada por uma força que não compreendia, ela entrou na Rua dos Relógios Parados e viu, na vitrine de Eddie, seu violino. Ou o que restara dele.

Ela entrou na loja, pronta para exigir, para explicar, para chorar. As palavras morreram em sua garganta.

Eddie ergueu o violino reconstruído. A luz da janela bateu no fragmento de espelho embutido, lançando um ponto de luz dançante no rosto de Fabi.

— Ele está pronto — disse Eddie, sua voz era áspera como a lixa. — Mas ele não soa mais como antes. Ele aprendeu um novo acorde.

Fabi, com mãos trêmulas, pegou o instrumento. Era mais pesado. As cicatrizes eram ásperas sob seus dedos. Ela o encostou no queixo, sentindo a estranheza do remendo de espelho frio contra sua pele. Pegou o arco.

E tocou.

A primeira nota saiu trêmula, desafinada. Um gemido. Ela estremeceu, mas continuou. Em vez de uma peça perfeita, ela deixou seus dedos vagarem. O som que saiu não era o de um Stradivarius imaculado. Era áspero, cheio de chiar e sussurros. O fio de cobre vibrava com um zumbido elétrico, o fragmento de espelho refletia a luz de forma irregular, criando manchas dançantes na parede. Era um som quebrado.

E, pela primeira vez em anos, Fabi sentiu algo. Uma pontada de dor real, de perda real, traduzida em som. Ela não estava tocando música; estava tocando sua própria rachadura. E naquele som imperfeito, ela se reconheceu.

As lágrimas caíram sobre o violino remendado. Ela tocou até os dedos doerem, uma música sem partitura, feita apenas de desespero e reparo.

Eddie Patrick assistiu, consertando silenciosamente um despertador que não despertava mais ninguém. Um sorriso pequeno e raro tocou seus lábios. Ele não tinha consertado um violino. Tinha consertado um reflexo. Devolvera a Fabi não seu instrumento perfeito, mas um espelho sonoro de sua própria alma rachada e ainda bela.

Fabi nunca mais voltou à Orquestra Sinfônica. Ela e seu violino remendado tornaram-se uma lenda nas ruas e nos pequenos bares da cidade. Tocava música que doía, que curava, que contava histórias de quebra e cola. As pessoas vinham não para ouvir perfeição, mas para ouvir verdade.

E na Rua dos Relógios Parados, Eddie Patrick às vezes fecha a loja ao entardecer. Senta-se na calçada e escuta. Do apartamento de Fabi, atravessando a rua, desce uma melodia acidentada, viva, cheia de cicatrizes e de graça. Ele sabe que aquele som é seu melhor trabalho. Não está em nenhuma prateleira. Está no ar, contando a qualquer um que queira ouvir que às vezes, a coisa mais bonita que podemos fazer não é restaurar algo ao que era, mas dar-lhe uma nova voz para cantar exatamente o que se tornou.

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