Drake Von fucks and cums inside a pumpkin
O metrô era um rio de solidão em movimento. Drake Von via os reflexos cansados nas janelas escuras, sentindo o peso de mais um dia comum. Ele era um arquiteto de mundos que ninguém construía, com cadernos cheios de esboços que só ele via.
Tudo mudou no trajeto das 18h47.
Foi quando ele viu Elara. Ela estava sempre no mesmo vagão, imersa em um livro com a capa gasto, os dedos manchados de tinta. Drake nunca ouvira sua voz, mas criou uma vida inteira para ela em sua mente: ela seria uma encadernadora, uma poetisa, alguém que salvava palavras.
Por semanas, eles dançaram seu balé silencioso. Um aceno de cabeça ao se cruzarem, um quase-sorriso quando o metrô sacudia e eles perdiam o equilíbrio. Até que um dia, o livro de Elara escorregou de seu colo e abriu-se aos pés de Drake.
Ele se abaixou para pegá-lo. Era um volume antigo de “Cem Anos de Solidão”, com anotações nas margens em uma letra minúscula e elegante. Quando seus dedos se tocaram ao devolver o livro, algo estalou no ar abafado do vagão.
“Obrigada”, ela disse pela primeira vez. A voz era mais suave do que ele imaginara. “Parece que Gabriel García Márquez quis nos apresentar pessoalmente.”
Drake sorriu, o coração batendo forte contra as costelas. “Drake”, apresentou-se.
“Elara.” Seus olhos verdes o estudaram por um momento. “Você sempre parece estar viajando para muito longe daqui.”
“Talvez eu esteja apenas tentando chegar até você”, ele pensou, mas não disse.
Em vez disso, na estação seguinte, quando Elara se preparava para descer, Drake agiu. Com a mão trêmula, entregou-lhe um de seus cadernos de esboços.
“Para a sua coleção”, disse ele.
Elara abriu o caderno no metrô em movimento. Nas páginas, ela encontrou não projetos de edifícios, mas desenhos dela: Elara lendo, Elara sorrindo para a chuva na janela, Elara com as asas que Drake sempre imaginou que ela devia ter.
Quando desceu na sua estação, ela não foi embora. Ficou na plataforma, olhando para ele através da vidro, segurando o caderno contra o peito. E no rosto dela, Drake não viu alarme ou estranheza, mas um reconhecimento profundo, como se tivessem finalmente encontrado a chave para um enigma que nem sabiam estar resolvendo.
No dia seguinte, Elara estava no vagão, segurando o caderno. E quando Drake entrou, ela lhe entregou um livro – o mesmo “Cem Anos de Solidão”, com uma nova anotação na página de rosto:
“Para Drake, que constrói castelos mais reais do que qualquer um de concreto. Que tal irmos perder-nos juntos?”
E no metrô que seguia seu curso sob a cidade, dois estranhos deixaram de sê-lo, encontrando no mapa complicado da solidão urbana um território apenas seu.




