Double Dipping Deep – Rock Bottom, Steven CorteXx, WolfTitanShoGun

O vento uivava nas ruas vazias da cidade, carregando o lixo e os últimos resquícios de esperança. Era o lugar que todos chamavam de **Rock Bottom**, não por acaso, mas por descrição precisa. Entre sombras e grafites pichados em paredes decadentes, vivia **Steven CorteXx**.
Steven não era um homem; era um arquivo corrompido, um sistema de crenças falido. Seu cérebro, outrora uma máquina brilhante, agora era um labirinto de loops negativos e paranoias. Ele se escondia em um apartamento com as janelas tapadas por jornais, monitorando feeds de dados que só ele entendia, um general sem exército em uma guerra que só existia em sua mente.
Foi em uma de suas raras incursões noturnas por alimentos enlatados que ele a viu. Ou melhor, viu o que ela deixou para trás.
Um símbolo, sprayado em neon vibrante na lateral de um prédio abandonado: um lobo samurai, segurando uma espada cujo brilho desafiava a escuridão. Era assinado por **WolfTitanShoGun**.
Aquela arte, feroz e cheia de honra, foi um raio no céu nublado de sua consciência. Dia após dia, ele saía para encontrar novas obras. Um dragão mecânico enrolado em um poste. Um guerreiro de armadura feudal guardando um beco. Cada peça era uma mensagem em um código que, pela primeira vez em anos, ele sentia que poderia decifrar. Era uma linguagem de força, de resiliência, de uma beleza que não pediu permissão para existir.
Steven começou a deixar suas próprias mensagens. Não com tinta, mas com código. Ele invadiu os servidores da prefeitura e projetou o símbolo do lobo samurai nas nuvens baixas de poluição. Ele reprogramou os letreiros quebrados da cidade para piscar “Onde está o Shogun?”.
Foi um chamado. E uma noite, ele foi respondido.
Ele estava em seu esconderijo quando a luz se apagou. No escuro, a janela tapada com jornal foi rasgada de fora para dentro. Lá, equilibrada no parapeito, estava uma figura envolta em sombras e roupas utilitárias. O rosto estava oculto por um capuz, mas os olhos brilhavam com a intensidade de uma estrela.
— Por que você me procura, fantasma? — a voz era suave, mas carregada de uma autoridade inquestionável. Era **WolfTitanShogun**.
Steven, em pânico, gaguejou sobre suas teorias, sobre os padrões, sobre a guerra invisível. Ele mostrou a ela suas telas, seus algoritmos de previsão de caos.
Ela ouviu em silêncio. Então, apontou para a tela.
— Isso não é uma guerra, Steven. É um grito. E o seu é o mais alto que já ouvi.
Seu nome era Elara. Ela não era uma revolucionária, mas uma curadora. Enxergava a cidade como uma tela em branco, e sua arte era um antídoto para a feiura. Ela via a beleza mesmo no **Rock Bottom**, e sua missão era revelá-la aos que tinham olhos para ver.
Ela não consertou Steven. Em vez disso, deu a ele uma nova missão.
Ele, o **Cortexx**, tornou-se seu estrategista. Ele mapeava os pontos cegos das câmeras, calculava as rotas de fuga perfeitas, previa os horários dos patrolamentos. Sua mente paranoica, antes sua prisão, tornou-se a maior arma de Elara. Ela, a **WolfTitanShogun**, era a força, a coragem tangível que ele não possuía. Ela escalava os penhascos de concreto, e ele garantia que o chão não sumisse sob seus pés.