Dorian Thatcher (@ThatcherDori) de cueca batendo uma bem gostoso em frente ao espelho

O vento soprava frio pelas ruas de pedra de Edinburgh, mas Dorian Thatcher não o sentia. Encostado na moldura da janela de sua pequena livraria, “O Capítulo Esquecido”, seus olhos não viam a neve leve que começava a cair. Eles estavam fixos no apartamento do outro lado da rua, onde uma luz dourada se acendera.
Era o terceiro andar, a janela com vasos de ervas aromáticas – mesmo no inverno, ela mantinha alecrim e sálvia. E ali, movendo-se com uma graça que parecia desafiar a gravidade, estava ela. Ela não tinha nome, apenas a silhueta que ele observava todas as tardes, enquanto organizava primeiras edições e encadernações de couro.
Ele a chamava de Cora, inspirado em uma personagem de um romance desgastado de Jane Austen que sempre relia. Para ele, aquela figura era a encarnação de tudo o que era sereno e belo.
Uma tarde, uma tempestade mais forte que o previsto aprisionou os transeuntes sob marquises. Foi quando a porta da livraria tilintou, e um fluxo de ar gelado e perfume de jasmim invadiu o espaço. Dorian ergueu os olhos do balcão.
Era ela. Seu cabelo castanho estava salpicado de flocos de neve que derretiam como diamantes efêmeros. Seus olhos, ele percebeu agora, eram da cor do âmbar.