Diego Sans fucks Marcus McNeill with a view – La Buena Vida

O estúdio de Diego Sans cheirava a tinta a óleo e café amargo. Cavaletes ocupavam cada centímetro disponível, alguns com obras finalizadas, outros esperando pela próxima explosão de inspiração. Diego estava no meio de uma, com o rosto manchado de carmim e os dedos inquietos, quando a campainha tocou.
Era um toque seco, oficial, que não combinava com a vibe despojada do seu prédio. Ao abrir a porta, deparou-se não com um entregador ou vizinho, mas com um homem em um terno impecável, postura ereta e um olhar que parecia escanear tudo à sua frente, calculando riscos e probabilidades.
“Diego Sans?” perguntou o homem, sua voz um baixo suave, mas firme.
“Sim. Posso ajudá-lo?” Diego esfregou a mão na calça, sem saber o que fazer com ela.
“Marcus McNeill. Segurança.” Ele estendeu um cartão. “Sou o novo consultor de segurança do prédio ao lado. Estamos fazendo uma vistoria nos arredores e notei que sua janela do fire escape está com a fechadura comprometida. Representa um risco.”
Diego piscou, processando a informação. Ele mal notava a janela. “Ah, sim? Deve estar assim desde que me mudei. Nunca deu problema.”
“Um problema só acontece uma vez”, disse Marcus, seu olhar sério fixo em Diego. “Posso dar uma olhada?”
Assim começou. Marcus McNeill era um universo de ordem, linhas retas e protocolos. Diego era um caos criativo de cores, melodias desconexas e xícaras de café esquecidas. E, de alguma forma, aqueles dois universos começaram a orbitar um ao outro.
A inspeção de Marcus tornou-se uma visita para verificar a nova fechadura. Que se tornou um café para discutir a iluminação fraca no corredor. Que se transformou em um jantar para, segundo Marcus, “avaliar o perfil comportamental dos moradores do quarteirão”.
Diego riu daquela desculpa esfarrapada. “Você quer é me ver, McNeill. Pode admitir.”
Marcus corou levemente, um fenômeno raro e fascinante que Diego decidiu colecionar. “A proximidade com um residente facilita a coleta de informações vitais”, ele insistiu, mas o rigor de sua postura afrouxou um milímetro.
Marcus começou a aparecer no estúdio no final de seus turnos. Ele se sentava em um banco desconfortável, observando Diego pintar. Ele não entendia de arte abstrata, mas entendia a devoção no olhar de Diego, a paixão que guiava suas mãos. Era uma estratégia que ele conseguia apreciar.
Diego, por sua vez, aprendeu a ler as pausas longas de Marcus, a pequena ruga entre suas sobrancelhas quando ele estava preocupado, o quase imperceptível sorriso que aparecia quando Diego contava uma história engraçada. Ele pintou aquele sorriso inúmeras vezes, em segredo.
Uma noite, uma tempestade violenta cortou a energia do bairro. O estúdio foi mergulhado em escuridão, e o apartamento minimalista de Marcus, sem velas ou baterias, tornou-se inóspito. Naturalmente, Marcus apareceu na porta de Diego, com uma lanterna tática e um pacote de biscoitos.
“Pensei que você poderia precisar de fontes de luz alternativas”, disse ele, sua voz soando um pouco mais alta que o normal na quietude do apartamento.
Diego o puxou para dentro. Acendeu velas por toda a parte, e o estúdio se transformou em uma caverna dourada e dançante. Sentados no chão, encostados no sofá, eles falaram por horas. Marcus falou de sua infância rígida, do peso de carregar sempre a responsabilidade. Diego falou de seus sonhos, do medo de nunca ser bom o suficiente, da solidão que vinha antes da madrugada.
“Eu não sei ser desprotegido”, confessou Marcus, olhando para as chamas que refletiam em seus olhos sérios. “Minha vida é sobre prever o perigo.”
“Talvez o perigo seja perder a chance de sentir algo”, Diego sussurrou, movendo-se mais perto.
E na penumbra, com o som da chuva contra as vidraças, Marcus McNeill finalmente baixou sua guarda. Ele inclinou-se e encontrou os lábios de Diego em um beijo que não tinha nada de calculado. Era puro instinto, puro sentimento, uma vulnerabilidade tão assustadora quanto libertadora.
Quando a energia voltou, horas depois, iluminando abruptamente a intimidade que haviam construído, Marcus não se afastou. Ele apenas olhou para Diego, seu rosto iluminado pela luz crua, sem qualquer defesa.
“Essa… essa é uma brecha de segurança significativa”, ele murmurou, sua testa encostada na de Diego.
Diego sorriu, passando o polegar pelo lábio do homem. “Qual é o protocolo para isso, então?”
Marcus o puxou para outro beijo, lento e profundo. “O protocolo é permanecer no local. E garantir que isso se repita indefinidamente.”
E assim, o homem que vivia de prever o perigo encontrou o maior risco de todos: o amor. E o artista que vivia de capturar emoções encontrou sua obra-prima não em uma tela, mas nos olhos sérios de Marcus McNeill, que finalmente aprenderam a sorrir sem restrições.