AmadorBarebackBoqueteVídeos Gays

Diego Sans fucks Lazzarato

O metrô de São Paulo era um organismo vivo, pulsante e barulhento. Diego Sans era um de seus glóbulos vermelhos, fluindo com a multidão num movimento preciso e solitário. Todos os dias, no vagão sempre lotado da Linha 4-Amarela, ele via o mesmo homem.

Lazzarato.

Ele não sabia o nome dele, é claro. Mas o homem tinha um rosto que parecia esculpido em mármore por um artista com pressa — traços fortes, uma barba por fazer e olhos que guardavam um cansaço antigo. Lazzarato sempre estava lendo. Livros grossos, de capa preta, com títulos em francês que Diego não entendia. Às vezes, ele ria sozinho, um som baixo e rouco que se perdia no ruído dos trilhos.

Diego era ilustrador. Preenchia cadernos com criaturas fantásticas e paisagens de mundos inventados, mas naquele trem, ele só desenhava Lazzarato. Esboçava seus ombros largos, a curva de seu pescoço quando ele se debruçava sobre as páginas, a forma como seus dedos seguravam o livro como se fosse algo precioso.

Um dia, o trem deu um solavanco mais brusco. O livro escapou das mãos de Lazzarato e deslizou pelo chão, parando aos pés de Diego. Ele se abaixou, pegou-o. Era “O Anti-Édipo”, de Deleuze e Guattari. Na capa, um rabisco a caneta: “Lazzarato”.

“Obrigado”, disse o homem, e sua voz era exatamente como Diego imaginara: grave e um pouco áspera.

“É pesado”, disse Diego, devolvendo o livro.

“É a vida”, Lazzarato retrucou com um meio-sorriso. “Desmontar a máquina.”

Os olhos de Lazzarato pousaram no caderno aberto no colo de Diego. Viu seu próprio rosto transformado em traços certeiros e sombras suaves.

“E você”, disse Lazzarato, apontando para o desenho. “Monta mundos.”

A partir daquele dia, eles não eram mais estranhos. Nos dez minutos diários de trajeto, falavam. Lazzarato, o filósofo desiludido que trabalhava num call-center, explicava suas teorias sobre desejo e capitalismo. Diego, o sonhador, mostrava seus desenhos e falava sobre a cor do céu em planetas imaginários. Eles eram opostos: um desmontava a realidade, o outro construía ficções.

Mas no espaço apertado daquele vagão, suas solidões se encaixavam. A desconstrução de Lazzarato encontrava um porto seguro na criação de Diego. E os mundos de Diego ganhavam uma profundidade inesperada com as ideias de Lazzarato.

O amor nasceu ali, entre anúncios de estações e o ranger dos trilhos. Não com beijos ou declarações — o trem era público demais para isso — mas com um café que Lazzarato trouxe para Diego numa manhã fria, e com um desenho em que Diego transformou Lazzarato num herói de um de seus mundos fantásticos, segurando um livro como se fosse um escudo.

Certa tarde, o trem ficou parado entre estações, mergulhado em um silêncio incomum. Lazzarato olhou para Diego, que desenhava freneticamente, como se temesse que aquele momento único se perdesse.

“Diego”, ele disse, baixo.

Diego ergueu os olhos.

“Eu acho”, Lazzarato continuou, “que a única máquina que eu não quero desmontar é essa que a gente construiu aqui.”

Diego sorriu, fechou o caderno e, pela primeira vez, sua mão encontrou a de Lazzarato sob a bolsa de alguém. O trem voltou a se mover, levando-os para frente, juntos, em sua jornada diária e, agora, compartilhada.

Vídeos relecionados

Botão Voltar ao topo

BRASILEIROS FUDENDO 🔥

X