Destruiu o cuzinho do puto – Dario Rafaeli e Kyle Fox
O mundo de Dario Rafaeli era um monumento à ordem. Seus ternos eram impecáveis, seu apartamento minimalista, e sua carreira como arquiteto de interiores era construída sobre linhas retas e ângulos perfeitos. Ele projetava espaços que eram fotografados para revistas, mas nos quais ninguém parecia realmente *viver*. Sua própria vida era assim: bela, estéril e silenciosa.
Kyle Fox era o oposto caótico. Pintor e muralista, ele carregava consigo uma nuvem de cores. Suas roupas eram uma coleção de manchas de tinta, seus cabelos loiros estavam sempre um pouco despenteados, e seu estúdio, no rés-do-chão de um prédio antigo, era um labirinto de telas, sprays e rabiscos que se espalhavam pelas paredes. Kyle não criava em silêncio; ele criava ao som de rock clássico alto e com as janelas abertas.
Seus mundos colidiram no elevador do prédio. Dario, representando o novo proprietário, foi inspecionar o estúdio de Kyle – considerado uma “violação das normas estéticas do edifício” – com a intenção de notificá-lo. Kyle, por sua vez, recebeu-o com as mãos azuis de tinta e um sorriso que desarmou a postura rígida de Dario.
“Então você é o cara dos quadrados,” disse Kyle, sem nenhuma malícia, apenas curiosidade.
“Prefiro ‘o arquiteto’,” retorquiu Dario, mas um canto de sua boca se moveu involuntariamente.
Em vez de uma discussão, começou um debate. Kyle mostrou seu trabalho, explicando a história por trás de cada rabisco, a emoção em cada pincelada. Dario, contra todas as suas expectativas, ficou fascinado. Aquela desordem tinha uma lógica própria, uma alma que seus projetos perfeitos nunca tiveram.
Dario começou a visitar o estúdio com a desculpa de “avaliar a situação”. Kyle desafiou-o a pintar sobre uma tela em branco. “Só risca,” ele insistiu. “Deixa a tua mão tremer. É aí que a magia acontece.”
Lentamente, as cores de Kyle começaram a infiltrar-se no mundo a preto e branco de Dario. Um almofadão amarelo-mostarda apareceu no seu sofá cinza. Uma caneta de tinta permanente acabou no bolso do seu fato, e ele, horrorizado e secretamente encantado, desenhou um pequeno raio na sua agenda.




