Deit and Ryan – latin fucking
Deit trabalhava na livraria aconchegante da esquina, organizando mundos em prateleiras de carvalho. Ryan era o cliente da quarta-feira, sempre às 18h15, atrás do mesmo livro de poesia irlandesa que nunca comprava, apenas lia um pedaço.
“Vai levar hoje?”, Deit perguntou numa quarta-feira de chuva, o som suave batendo nos vitrais.
Ryan fechou o livro devagar. “Tenho medo”, confessou, os olhos claros encontrando os dela. “Medo de que, quando acabar, não tenha mais motivo para vir aqui.”
O silêncio que se seguiu não foi desconfortável; foi o espaço entre uma palavra e outra num verso. Deit estendeu a mão, tirou o livro da prateleira imaginária onde ele o guardava e colocou suavemente nas mãos dele.
“Leve. E depois venha me contar o final.”
Ryan pagou, suas mãos se tocando brevemente sobre a capa áspera. Na semana seguinte, às 18h15, ele voltou. Sem livro nas mãos.
“E então?”, ela perguntou, um sorriso tímido nos lábios.
“O final”, disse ele, “era sobre recomeços.”
E, em vez de ir para a prateleira, ele foi até o balcão, e convidou Deit para tomar um chá. Do lado de fora, a chuva tinha parado, deixando o ar fresco e pronto para novas histórias.




