David Galliano gets fucked by Gino Mosca
A cidade de Turim se vestia de outono quando seus caminhos se cruzaram. David Galliano era um estilista em ascensão, cujo nome começava a sussurrar nas revistas de moda. Seu ateliê era um templo de linhas minimalistas, tecidos caros e uma paleta de cores que nunca ousava passar do bege, cinza e branco. David acreditava na perfeição através do controle, e sua vida era tão imaculada e previsível quanto suas criações.
Gino Mosca era o caos criativo incarnado. Um escultor de materiais encontrados, seu estúdio na periferia da cidade era um manicômio de ferro retorcido, madeira velha, engrenagens de relógios quebrados e fragmentos de cerâmica. Ele não criava roupas, mas dava alma ao lixo. Suas mãos, sempre sujas de graxa ou tinta, eram as ferramentas de um gênio desgrenhado que ria alto, gesticulava ao falar e cuja presença era tão grande quanto suas esculturas.
O encontro aconteceu na abertura de uma exposição coletiva. David foi por obrigação, para ser visto. Gino, porque uma de suas peças – um pássaro feito de velhas chaves e fragmentos de espelho – estava em exibição.
David, de terno impecável, observava a escultura de Gino com uma expressão entre o fascínio e o horror. Era tudo que sua arte não era: orgânica, imperfeita, barulhenta.
“É… interessante”, David disse, quando o artista se aproximou, reconhecendo-o pela descrição no catálogo.
“Interessante é a palavra que as pessoas usam quando não sabem o que dizer”, Gino riu, sem nenhuma má vontade. Seus olhos percorreram o traje de David. “Já você… é tão limpo que parece saído de uma embalagem. Dá medo de tocar.”
A observação deveria ter sido um insulto, mas a maneira despretensiosa como foi dita fez David soltar uma risada curta, genuína. Eles conversaram. Gino falou sobre a beleza da ferrugem, da história contida em um objeto quebrado. David, quase em transe, falou sobre o medo do vazio, da necessidade de controle.
Gino Mosca tornou-se uma fissura na parede branca e perfeita da vida de David. Ele começou a aparecer no ateliê do estilista, trazendo um pedaço de metal com uma forma curiosa ou simplesmente um café duplo e um sorriso. David, por sua vez, começou a se aventurar no estúdio de Gino, um lugar que inicialmente lhe dava ansiedade, mas que logo se tornou um refúgio libertador.
Sob a influência de Gino, os designs de David começaram a mudar. Um bordado irregular apareceu em uma gola rígida. Um tecido cru, com as marcas do tempo, foi costurado em uma saia de seda. Sua nova coleção, pela primeira vez, tinha cor: um vermelho terra, a cor do tijolo velho que Gino amava.
A crítica chamou de “revolução contida”. David sabia que era uma rendição.




