Daddys fudendo na cozinha – Daddy Patrick e Rick Kelson
A livraria “O Velho Carvalho” era o reino de **Daddy Patrick**. Aos cinquenta e cinco anos, ele era uma figura tão constante quanto as prateleiras de carvalho que enchia de clássicos e poesia. Seus cardigãs de lã cheiravam a papel antigo e chá de ervas, e sua vida era um ritual tranquilo: abrir as portas às nove, arrumar as mesas, conversar com os clientes regulares e fechar às seis, sozinho, para jantar com seu gato, Wordsworth. Era uma vida confortável, mas previsível, como um livro já lido.
**Rick Kelson** era o caos em forma de gente. Com vinte e poucos anos, ele era uma explosão de energia, tinta de tatuagem e o som de rodinhas de skate no asfalto. Ele pintava murais pela cidade, transformando paredes cinzas em sonhos coloridos. Sua vida era uma tela em branco todos os dias, um risco ousado após o outro.
O destino, com um senso de humor peculiar, colocou o estúdio de Rick na rua de trás da livraria. Todas as manhãs, Rick passava como um furacão pela vitrine de Patrick, perturbando a paz silenciosa com sua presença vibrante.
Tudo mudou numa tarde de outono. Uma chuva repentina e torrencial desceu sobre a cidade. Patrick, olhando pela vitrine, viu Rick encolhido na soleira de uma porta, tentando proteger uma pasta de esboços, encharcado e tremendo de frio.
Sem hesitar, Patrick abriu a porta da livraria. “Entre,” disse ele, sua voz um abrigo aconchegante. “Antes que você derreta ou provoque uma enchente aqui fora.”
Rick entrou, constrangido e pingando no tapete persa. Enquanto Patrick lhe oferecia uma toalha seca e uma xícara de chá quente, os olhos do jovem artista percorreram as prateleiras abarrotadas.
“Este lugar é incrível,” sussurrou Rick, como se estivesse numa catedral. “Parece… seguro.”
Patrick sentiu algo estalar dentro do seu peito. Aquela simples palavra, “seguro”, dita por aquele furacão de gente, tocou-o de um modo que nenhum elogio intelectual jamais conseguiria.
Rick começou a aparecer todos os dias. Não para comprar livros, mas para se sentar num canto tranquilo e esboçar. Ele desenhava as prateleiras, os clientes, o gato… e Patrick. Sempre Patrick. Com o tempo, Patrick começou a olhar para os rabiscos de Rick não como um caos, mas como uma linguagem que ele estava a aprender a ler.
Rick ensinou a Patrick a beleza de uma linha imperfeita, da cor fora dos limites. Patrick mostrou a Rick a poesia do silêncio, a história contida num olhar.
O amor deles não foi um romance de adolescente. Foi o encontro de duas margens de um mesmo rio: uma, sólida e arborizada; a outra, selvagem e cheia de cor. Era Patrick encontrando a cor que faltava no seu mundo a sépia, e Rick encontrando a margem onde poderia, finalmente, descansar.
Uma noite, enquanto Patrick fechava a loja, Rick colocou um pequeno caderno de esboços na sua mão. Na primeira página, estava um retrato dele. Não era o Daddy Patrick, o livreiro sério. Era um Patrick com um sorriso tranquilo, com os olhos cheios de uma luz que ele mesmo já não via há anos. E na página seguinte, um esboço dos dois, de mãos dadas, de costas, a caminhar em direção a um pôr-do-sol que Rick tinha pintado na parede do seu estúdio.
Patrick fechou o caderno, com os olhos marejados. “Pensava que a minha história de amor já tinha sido escrita há muito tempo.”
Rick encostou a testa na dele. “Eu só mudei o final.”




