Cuming Over Cocks – Igor lucios, Milo Galician – a blowjob

O vento soprava frio nas ruas de pedra de Santiago de Compostela, carregando o cheiro da chuva recente e de terra molhada. Igor Lúcios encostou-se à parede centenária da universidade, tentando escapar ao turbilhão de estudantes que saíam apressados. Os seus olhos, de um castanho tão escuro que quase pareciam negros, percorriam a multidão sem verdadeiramente ver. Ele era um transplantado, um lisboeta a tentar encontrar o seu lugar na austeridade grisalha da Galiza.

Foi então que o viu. Milo Galician não era simplesmente um rapaz no meio da multidão; era um ponto de luz. Cabelo cor de areia molhada pelo mar, olhos claros que sorriam mesmo quando o rosto estava sério, e um cachecol vermelho envolto negligentemente ao pescoço, uma mancha de cor vibrante na paisagem monocromática. Milo carregava uma pasta de guitarra às costas e ria-se com um grupo de amigos, e o som daquela risada, quente e aberta, atingiu Igor como um raio de sol num dia nublado.

Os seus mundos colidiram numa aula opcional de História da Arte Galega. Por acaso, Milo sentou-se ao lado de Igor. “És o português, não és?” perguntou Milo, com um sotaque suave que enrolava os ‘s’ de uma forma que Igor achou instantaneamente cativante. “Igor, certo? Eu sou Milo.”

O primeiro café depois da aula tornou-se numa visita à catedral, que se transformou num passeio pelo Parque da Alameda. Igor, normalmente reservado, descobriu que as palavras saíam com facilidade na presença de Milo. Falavam de tudo: da melancolia das *cantigas de amigo* e da saudade, da força das pedras graníticas dos *hórreos*, dos seus medos tolos e dos seus sonhos mais grandiosos. Igor era estrutura, profundidade, a quietude de uma biblioteca à noite. Milo era melodia, luz, o improviso alegre de um tema de guitarra nas ruas do casco velho.