Cum-foamed and Stretched Hole – Igor Lucios, Milo Galician and Mateus Dot

O Grande Salão da Academia de Alchemia de Asterfall ecoava com o burburinho de dezenas de aprendizes, mas um grupo destacava-se como uma ilha de quietude intensa. **Igor Lucios**, com o seu cabelo negro como azeviche e olhos que viam demasiado, ajustou as luvas de couro. Ele era a mente, o arquiteto de cada experiência. Ao seu lado, **Mateus Dot**, um prodígio com um dom quase sobrenatural para a simetria molecular, pesava os últimos componentes de pó de lua com uma precisão que fazia os outros estudantes corarem de inveja.
E no centro do triângulo, agitando um cadinho sobre uma chama azul, estava **Milo Galician**. Enquanto Igor planeava e Mateus media, Milo *sentia*. A alquimia não era uma ciência para ele; era uma dança, uma intuição que fluía nas suas veias. Ele era o coração, o elemento imprevisível que transformava fórmulas rígidas em magia pura.
“Mais devagar, Milo,” a voz de Igor era um fio de seda, cortante e suave ao mesmo tempo. “A transformação não é uma explosão. É um suspiro.”
Milo sorriu, um gesto rápido que iluminou o seu rosto sardento. “A vida é uma explosão, Igor. A tua fórmula precisa de um pouco de caos.”
Foi Mateus quem mediou, como sempre. “O ponto de ebulição está em 73,8%. O caos de Milo e a ordem de Igor criam o equilíbrio perfeito.” A sua voz era calma, um antídoto para a intensidade que os outros dois geravam.
Juntos, eles eram invencíveis. Os seus projetos ganhavam os maiores louros, as suas poções eram as mais cobiçadas. Mas, nos interstícios dos seus sucessos, algo mais frágil e precioso do que qualquer pedra filosofal começou a cristalizar.
Igor, que conseguia prever o resultado de mil reações, não conseguia decifrar o turbilhão que sentia no peito quando os dedos de Milo, acidentalmente, roçavam nos seus ao passar um frasco. Mateus, que conseguia calcular a densidade exata de um sonho, sentia a sua lógica falhar quando via a luz do cadinho dançar nos olhos verdes de Igor. E Milo, que era puro sentimento, sentia-se dividido entre a atração magnética pela mente brilhante de Igor e a profunda calmaria que a presença constante de Mateus lhe trazia.
O amor deles não era um triângulo de conflito, mas uma reação de três componentes. Uma noite, depois de terem criado uma essência que capturava o aroma da primeira geada, ficaram no laboratório, exaustos e eufóricos. O silêncio era espesso, carregado de tudo o que não era dito.
Foi Milo quem quebrou o feitiço, como era seu hábito. “Isto… o que temos… é a nossa maior criação.” A sua voz era um sussorro. “E também a mais assustadora.”
Igor baixou a cabeça, as suas longas mãos pousadas na bancada de mármore. “Não existe fórmula para isto. Não existe previsão.”
Mateus olhou para um, depois para o outro. “Talvez as coisas mais valiosas não possam ser medidas. Talvez só possam ser… vividas.”
E assim, na penumbra azulada do laboratório, entre frascos de líquidos cintilantes, os três encontraram a sua verdadeira transmutação. As mãos de Igor encontraram as de Milo, ásperas e vivas, e os dedos precisos de Mateus entrelaçaram-se com os de ambos. Não era um aperto de posse, mas de reconhecimento.
Eles eram três elementos distintos: a mente, o coração e a alma. Separados, eram talentos excecionais. Juntos, eram completos. E naquele laboratório, descobriram que a Alquimia mais rara não transformava chumbo em ouro, mas transformava três solidões num único e inquebráável amor.