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Conheci no Grindr – Alfon fucks Manuel Capri

A vila de Porto Amarelo vivia de costas para o mar. Não por desprezo, mas por respeito – e medo. O Atlântico ali não era amigo; era uma força implacável que, por gerações, tinha moldado a costa em rochas afiadas e engolido sonhos com a mesma facilidade com que engolia barcos de pesca. Para conter sua fúria, fora construído um grande quebra-mar de concreto cinzento, um braço pesado e hercúleo que se estendia pelo oceano adentro. E o guardião deste braço era Alfon.

Alfon era o técnico responsável pela manutenção do quebra-mar. Homem de poucas palavras e olhos que pareciam ter absorvido o cinza das pedras e do céu, ele conhecia cada fissura, cada sensor de pressão, cada ponto onde a raiva do mar batia com mais força. Sua vida era um ciclo de inspeções solitárias, marcadas pelo rugido constante das ondas e pelo grito das gaivotas. Ele morava num pequeno chalé no topo do penhasco, e seu amor não era pelo mar, mas pela barreira que o continha. Era um amor defensivo, silencioso e firme.

Manuel Capri chegou a Porto Amarelo num dia de verão, trazendo consigo tudo o que Alfon não era: cor, movimento e uma reverência alegre pelo oceano. Ele era oceanógrafo e artista plástico, enviado para um projeto de estudo da vida marinha nas bases submersas do próprio quebra-mar. Enquanto Alfon olhava para a estrutura como um engenheiro vê uma ferramenta vital, Manuel a via como um recife artificial, um ponto de encontro para criaturas, um acidente que havia gerado um ecossistema único.

Seu primeiro encontro foi um choque de mundos. Manuel, com seus shorts coloridos e um chapéu de palha, tentou abordar Alfon, que estava inspecionando uma válvula de drenagem.

— Olá! Você deve ser o guardião deste colosso! — exclamou Manuel, com um sorriso tão aberto quanto o horizonte. — É magnífico. Pode parecer uma cicatriz para alguns, mas para as anêmonas lá embaixo, é um arranha-céu de coral!

Alfon ergueu os olhos, gotas de água salgada escorrendo do seu capuz de borracha.

— É uma parede, — respondeu, secamente. — Serve para não deixar passar. Nada mais.

— Ah, mas tudo passa! — Manuel riu, apontando para a água que jorrava entre as fendas. — A água passa. A luz passa. A vida… ah, a vida sempre dá um jeito.

Para Alfon, aquela conversa era um ruído tão irritante quanto o mar em tempestade. Para Manuel, aquela frieza era um mistério irresistível.

Determinado, Manuel começou a buscar Alfon em suas rondas. Ele mostrava fotos subaquáticas tiradas por suas câmeras: cardumes de peixes que usavam a sombra do quebra-mar como refúgio, algas coloridas agarradas ao concreto, uma moreia que fizera seu lar numa fenda. Ele falava com paixão sobre resiliência, sobre como a vida se agarra até ao lugar mais inóspito.

Aos poucos, Alfon começou a não apenas tolerar, mas a esperar aquelas interrupções. Em vez de ver apenas fissuras a serem reparadas, começou a ver as que abrigavam ouriços-do-mar. Em vez de ouvir apenas o aviso de uma tempestade no rádio, começou a ouvir as histórias de Manuel sobre as marés de outras partes do mundo. O quebra-mar, aos seus olhos, começou a se transformar. Já não era apenas uma barreira. Era também uma ponte. Uma ponte entre a terra firme e o abismo, entre o seu silêncio e a tagarelice de Manuel, entre o medo e a fascinação.

O amor nasceu no olhar. Não num olhar trocado, mas num olhar compartilhado para a mesma coisa. Uma tarde, após um dia de ventos fortes, Manuel encontrou Alfon no ponto mais extremo do quebra-mar, olhando para uma imensidão de ondas revoltas.

— É assustador, não é? — disse Manuel, não mais com alegria, mas com uma reverência profunda.

— É, — concordou Alfon, sem se virar. — Mas hoje, pela primeira vez, não olho só para o poder que quer destruir. Olho para… o que ele protege.

— O que ele protege? — perguntou Manuel, suavemente.

Alfonse virou então. Seus olhos cinzas não estavam mais opacos. Refletiam a fúria do mar, mas também um brilho novo, frágil.

— Protege a vila, sim. — Ele fez uma pausa, a voz quase perdida no vento. — Mas também protege as anêmonas no seu ‘arranha-céu’. Protege os peixes que você fotografa. E… — Ele engoliu em seco. — E me trouxe você. Para me mostrar que há beleza mesmo na barreira. Talvez, principalmente na barreira.

Manuel não disse nada. Apenas se aproximou, até que seus ombros quase se tocaram, enfrentando juntos a fúria do mar. O contato não veio naquele momento, mas na volta, quando Alfon, instintivamente, estendeu a mão para segurar Manuel em uma parte escorregadia do caminho. E não a soltou mais. As mãos dele, calejadas pelo trabalho áspero, envolveram a mão de Manuel, marcada por sal e tintas, e naquele aperto silencioso sobre as pedras molhadas, um pacto foi selado.

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