Colt Spence (ColtSpence) fucks Gustavo Escobedo (thatmexaguy)
O bar de arcade “Byte & Blaster” estava mergulhado na luz azulada das telas e no zumbido constante de máquinas de fliperama. No canto mais escuro, onde a conexão de rede era mais estável, Gustavo “thatmexaguy” Escobedo ajustava os fones, seus dedos dançando freneticamente sobre o teclado mecânico. Na tela, seu *druida* em um jogo de fantasia se esquivava de uma chuva de flechas.
— **”Flechas às 3 horas, Colt! Cobertura!”** — sussurrou, rápido, no microfone.
Do outro lado da linha, em uma cidade a centenas de quilômetros de distância, Colt “ColtSpence” Spence apertou os lábios. Seu *guerreiro tanque* avançou com um rugido digital, levantando um escudo mágico que desviou os projéteis no momento exato. A sincronia era perfeita. Sempre era.
— **”Escudo em 8 segundos. Segura a onda, Gust.”** — a voz de Colt, arrastada e calma, mesmo no caos, preencheu o ouvido de Gustavo.
Eles eram um duo lendário no cenário competitivo de *Reinos de Aethelgard*. Colt, o tanque impenetrável, estratego metódico. Gustavo, o suporte selvagem, intuitivo e imprevisível. Em três anos de clã, haviam ascendido a rankings lendários sem nunca terem se visto. Sua comunicação era um idioma próprio de grunhidos, jargões e, acima de tudo, de um silêncio confiante. Sabiam quando o outro precisava de um instante, de um suspiro, de uma cobertura.
A parceria era perfeita no digital. Na vida, um abismo.
Gustavo imaginava Colt como um cowboy texano de verdade, vivendo num rancho. Colt imaginava Gustavo como um carismático *streamer* de Cidade do México, sempre cercado por gente.
A verdade era menos épica. Colt era um bibliotecário noturno em Boise, Idaho, cujo maior perigo eram pilhas de livros tortas. Gustavo era um engenheiro de som introvertido em Monterrey, que preferia a companhia de suas mixagens à de grandes multidões.
O grande torneio chegou. A final. O prêmio: não só dinheiro, mas um ingresso duplo para a *Convenção Internacional de Gamelândia*, em Los Angeles.
— **”É nossa, Colt. Sinto na ponta dos dedos.”** — disse Gustavo, no último assalto.
— **”Só não faz loucura, thatmexaguy.”** — a resposta de Colt tinha um toque de fundo de afeto.
Ganharam. O grito misturado nos fones foi pura euforia. E então veio a realidade: eles teriam que se encontrar. Pessoalmente. Na convenção.
O nervosismo dos dias seguintes foi pior que qualquer chefe final. O que dizer? E se a química desaparecesse fora do jogo?
No dia, o salão da convenção era um mar de cosplays e luzes de LED. Gustavo, de pé junto ao estande principal, ajustava nervosamente o cordão de sua credencial. Ele usava uma camisa preta simples, nada do *streamer* extrovertido que Colt imaginara.
Então, viu.
Um homem alto, de ombros largos, cabelo castanho cortado rente e óculos de armação fina, parou a alguns passos de distância. Usava uma camisa xadrez e segurava uma mochila com um adesivo de um escudo pixelado. ColtSpence. Não um cowboy, mas alguém com olhos calmos e uma postura firme.
Os olhares se encontraram, atravessando a multidão barulhenta. Um segundo de silêncio absoluto no caos.
Gustavo foi o primeiro a romper o gelo. Sorriu, meio sem jeito.
— **”Escudo em 8 segundos, hein?”**
O rosto sério de Colt se abriu num sorriso lento e genuíno.
— **”Alguém tinha que segurar a onda.”**
A conversa fluiu não como duas estranhezas, mas como a continuação natural de milhares de horas de parceria. Falamos de estratégias, riram de velhas derrotas, admiraram os cosplays. A atração física estava lá, sim — o toque casual no braço ao desviar da multidão, o modo como os olhos de Colt seguiam os gestos animados de Gustavo. Mas mais forte era a familiaridade. Era como se já se conhecessem a alma.
Sentados em um café barulhento, longe do tumulto, Gustavo brincou com o sachê de açúcar.
— **”É estranho. Eu te ouço há três anos, mas só hoje descobri o timbre exato da sua risada.”**
Colt tomou um gole do café, observando-o.
— **”É mais suave do que eu imaginava. Sua voz, digo. No jogo, você está sempre gritando ordens.”**
— **”É o nervosismo. E a paixão.”** — Gustavo encarou-o, desafiador e tímido ao mesmo tempo.
A convenção terminou. Na despedida no saguão do hotel, a tensão era doce e pesada.
— **”Então… é isso. Volta para os livros silenciosos.”** — disse Gustavo, as mãos nos bolsos.
— **”E você para as mixagens perfeitas.”** — respondeu Colt.
Foi Gustavo quem fechou a distância. Um passo. Dois. O mundo exterior — o ruído da cidade, o farfalhar das portas giratórias — desapareceu.
— **”Próxima missão?”** — sussurrou Gustavo, seu rosto agora tão perto que Colt podia contar seus cílios.
Colt não respondeu com palavras. Fechou os olhos e encontrou seus lábios.
O beijo não foi uma explosão. Foi uma confirmação. A sincronia perfeita. A sensação de, finalmente, fazer *login* no mesmo mundo real.
Quando se separaram, ofegantes, com as testas ainda unidas, Colt sorriu, seu sopro quente contra a pele de Gustavo.
— **”Missão aceita, thatmexaguy.”**
E naquele beijo, entre o cowboy digital e o mexicano introvertido, eles descobriram que o maior *efeito em área* (AOE) não era de uma magia do jogo. Era o modo como um simples toque podia desmontar, de uma vez por todas, todas as barreiras que haviam construído — e conquistar, finalmente, o território desconhecido e maravilhoso do coração um do outro.




