Chudai Time – El William MX, KD Prince

O mundo de **KD Prince** era uma bolha dourada de festas na piscina, carros de luxo e batidas que dominavam as paradas de sucesso. Ele era o “Príncipe” do trap, um rapaz de ouro com um fluxo de platina e um sorriso que vendia milhões de *streams*. Mas por trás dos *hits* e dos holofotes, havia um vazio que nem os gritos das fãs conseguiam preencher. Toda a sua música era sobre poder e riqueza, mas nada sobre o que realmente significava sentir.
A sua equipa marcou-lhe uma sessão num estúdio diferente, longe do seu ambiente habitual. Ficava num armazém industrial, a sua fachada sem janelas não dava nenhuma pista do que estava lá dentro. O ar cheirava a tinta spray, pó de cimento e algo mais… algo selvagem.
Dentro, as paredes eram uma tela de graffiti vibrante, uma explosão de cores e letras distorcidas que contavam histórias de lutas e sonhos de um bairro que KD só conhecia das letras dos outros. E no centro do caos criativo, de costas para ele, estava um homem a pintar um mural de um lobo com olhos de fogo.
**El William MX** virou-se. Não usava jóias de ouro, mas tinta seca nas mãos como luvas. O seu cabelo estava desalinhado, e os seus olhos, da cor do aço, avaliaram KD sem uma centelha de reconhecimento ou reverência.
“És o rapper, certo?” disse William, a sua voz era áspera, como o som de uma lata de spray a ser agitada. “O estúdio é ali atrás. Tenta não estragar a minha luz.”
KD ficou ofendido, depois intrigado. Ninguém na sua vida era assim tão direto, tão indiferente à sua fama. A sessão de estúdio foi um desastre. As batidas que o seu produtor trouxe soavam vazias e plásticas naquele espaço cru. KD não conseguia encontrar as palavras.
Frustrado, ele saiu e viu William a trabalhar. O mural não era apenas uma pintura; era um furacão de emoção. Cada trajeto da lata de spray era uma batida de coração, cada linha uma confissão.
“De que é que falas nas tuas músicas?” William perguntou, sem parar de pintar.
“De… vida. De sucesso,” respondeu KD, defensivamente.
William riu-se, um som seco. “Soas como um menu. Onde está a fome? Onde está a luta?”
Aquela crítica deveria tê-lo feito ir embora. Em vez disso, acordou-o. Na noite seguinte, KD voltou sozinho. Sentou-se no chão frio e observou William transformar uma parede branca num sonho turbulento. E, pela primeira vez em anos, as palavras começaram a vir-lhe. Não eram sobre *flexing* ou *dripping*, mas sobre a solidão no topo, o medo de ser esquecido, o desejo de algo real.
Ele pegou no seu *phone* e começou a gravar, a sussurrar versos sobre a beleza do caos e a procura de uma verdade que não se encontra nas *charts*. William desligou a pistola de pintura e ouviu. Quando KD terminou, o silêncio era espesso.
“Essa,” disse William, o seu rosto severo suavizado por um fio de respeito. “Essa é a tua primeira música a sério.”
O amor entre KD Prince, o príncipe do artificial, e El William MX, o rei das ruas autênticas, não foi um conto de fadas. Foi um *remix*. Foi KD a escrever letras cruas sobre a vulnerabilidade que descobria nos olhos de William.