Por trás do usuário @chileantwink estava Mateo, um estudante de arquitetura chileno que havia se mudado para uma cidade cinzenta e chuvosa. Seu perfil era um refúgio de cores—cheio de memórias do deserto do Atacama, do azul do Pacífico e dos murais vibrantes de Valparaíso. Era seu jeito de lutar contra a saudade de casa e a solidão em um lugar onde ninguém pronunciava seu nome direito.
O mundo de Liam era feito de linhas retas e horários. Um padeiro, suas madrugadas começavam às 3h, envoltas no calor dos fornos e no cheiro reconfortante de fermento. Sua vida era uma repetição calmante de amassar, assar e vender. Era uma vida sólida, mas que sentia falta de um pouco de cor.
Eles se conheceram na padaria de Liam. Mateo entrou, enregelado pela chuva, atraído pela luz quente e pelo cheiro que lembrava, de forma vaga, das panaderías de Santiago. Ele pediu um café e um “marraqueta”, tentando reproduzir o sotaque chileno na palavra.
Liam, intrigado, olhou para ele.
— Desculpa, temos pão francês — disse, gentilmente.
— É quase a mesma coisa — Mateo respondeu, com um sorriso triste. — Quase.
Aquele “quase” ficou com Liam. Na manhã seguinte, quando Mateo voltou, havia um pão recém-saído do forno, com uma aparência diferente, mais pálida que uma marraqueta de verdade, mas uma tentativa.
— Eu pesquisei — Liam disse, envergonhado. — É a minha versão norte-global de uma.
Mateo riu, e pela primeira vez desde que chegara, a saudade não doeu. Doeu menos.




