Chef de cozinha Henrique Fogaça pegou no pau de propósito para atiçar seus seguidores, veja!

O restaurante “Fogão da Serra” era o reino do chef Henrique Fogaça. Um lugar onde os temperos dançavam no ar e os pratos eram assinados com a mesma intensidade do seu olhar. Aos cinquenta e poucos anos, suas tatuagens contavam histórias de brasas e batalhas, e seu paladar era temido e respeitado. Mas, para além dos fogões, havia um silêncio que nem mesmo o sabor mais ousado conseguia preencher.

Chamavam-na de “a mulher do jardim de inverno”. Todas as quintas-feiras, pontualmente às 21h, ela ocupava a mesma mesa no canto, encostada à vidraça que dava para o pequeno jardim interno. Vestia cores suaves, lia um livro e pedia sempre o prato do dia. Nunca reclamava, nunca elogiava. Apenas observava, com um sorriso tranquilo, a coreografia frenética da cozinha aberta.

Durante meses, Henrique a observou com a mesma precisão com que analisa um molho. Ele, acostumado a decifrar sabores complexos, não conseguia decifrar aquela mulher. Até que uma noite, ele próprio saiu da cozinha e foi até sua mesa.

“O prato”, ele disse, mais como um desafio do que uma pergunta. “Está bom?”

Ela ergueu os olhos do livro. Eram da cor do mel. “Está perfeito, chef. Mas sinto falta de um pouco de… aventura.”

Henrique arqueou uma sobrancelha. “Aventura? No meu restaurante?”