Cade Maddox – Pussy For Use

O vento soprava frio nas ruas de pedra de Montclair, mas Cade Maddox não sentia. Seus passos eram determinados, seus olhos, da cor do aço tempestuoso, fixos no edifício à frente – a biblioteca municipal. Era seu refúgio, o único lugar onde o mundo barulhento e exigente do lado de fora se aquietava. Ele herdara a oficina mecânica do pai, e suas mãos, calejadas por graxa e ferramentas, anseavam pelo contato suave do papel.
Do outro lado da cidade, Elara Maddox (nenhum parentesco, uma coincidência que sempre a divertiu) fechava a porta de sua pequena floricultura, “A Flor de Elara”. Seus dedos, manchados de terra, cheiravam a jasmim e terra molhada. Ela acreditava que as flores tinham uma linguagem própria, uma maneira silenciosa de curar feridas que palavras jamais alcançariam.
Seus caminhos se cruzaram em um sábado chuvoso. Cade, buscando um livro raro sobre espécies de rosas antigas para presentear sua avó, entrou na floricultura por engano, atraído pela vitrine repleta de cores. A campainha da porta tilintou suavemente.
Elara surgiu entre girassóis, um avental verde amarrado na cintura. “Posso ajudar?” perguntou, com uma voz que fez Cade pensar em mel e luz de verão.
Ele, normalmente tão eloquente com motores e peças, gaguejou. “Eu… estou procurando por um livro. Sobre rosas.”
Um sorriso se desenhou nos lábios de Elara. “Aqui só vendemos as rosas, não as histórias sobre elas. Mas posso lhe dizer que a rosa ‘Cardeal de Richelieu’ que você vê ali tem uma história linda. Ela quase foi extinta durante a Revolução Francesa.”
Cade ficou parado, olhando para a mulher que falava de flores como se estivesse contando segredos do universo. Ele não encontrou o livro, mas saiu com um único girassol e um cartão com o nome “Elara” escrito em letras cursivas elegantes.
Voltou no dia seguinte, com um pequeno mecanismo de latão que ele mesmo fizera: uma pequena rosa que desabrochava quando se girava uma chave.
“Para as histórias que as flores não podem contar”, ele disse, corando ligeiramente.
Elara aceitou o presente com um assombro silencioso. Naquele momento, algo desabrochou entre eles, tão delicado e promissor quanto a rosa de latão.
Seus mundos, aparentemente opostos, começaram a se entrelaçar. Cade levava Elara para mostrar o que fazia na oficina, e ela via a poesia em suas mãos habilidosas, transformando o caos em ordem, o ferro morto em algo funcional e belo. Ela, por sua vez, o levava para seus canteiros, ensinando-o a linguagem das flores: a lealdade dos miosótis, a paixão dos tulipas vermelhas, a esperança dos jacintos.
Ele era o solo firme, prático e constante. Ela era a flor, colorida, sensível e cheia de vida. Ele a ensinou a não ter medo do barulho do mundo; ela o ensinou a ouvir a música do silêncio.
O amor deles não foi um furacão, mas uma estação que mudava suavemente. Floresceu na primavera dos primeiros encontros, amadureceu no verão dos passeios de mãos dadas e se preparou para o outono da profundidade. Cade, que sempre se sentira um estrangeiro em sua própria vida, encontrou em Elara um lar. Elara, que sempre conversara com as flores, encontrou em Cade uma voz que respondia.
Uma noite, sentados no jardim de Elara, sob um céu salpicado de estrelas, Cade pegou sua mão. Suas mãos calejadas envolveram as dela, macias e marcadas pela terra.
“Elara,” ele sussurrou, seu nome saindo de seus lábios como a coisa mais preciosa que ele já dissera. “Minha vida era como um motor desregulado, funcionando, mas sem propósito. Até você. Você é o meu propósito.”
Elara olhou para ele, e suas lágrimas brilharam como orvalho à luz da lua. “E você, Cade Maddox, é o solo onde minhas raízes querem ficar para sempre.”
Não houve pedido formal, nem anel extravagante. Houve apenas a promessa contida no silêncio que se seguiu, um silêncio que ambos entendiam perfeitamente.