Cade Maddox – Latino Pump and Dump

O vento soprava frio nas ruas de pedra de Edinburgh, mas Cade Maddox não sentia. Seu mundo era quente, um universo particular de linhas, sombras e luzes capturadas na tela do seu tablet. Ele era um ilustrador, um caçador de almas, e naquela noite, caçava a de uma mulher.
Ela estava sentada no mesmo banco de sempre, no jardim poeirento da praça, lendo um livro com a capa gasta. Chamava-se Elara. Cade não sabia disso ainda, mas sabia da curva do seu pescoço quando se inclinava sobre as páginas, da maneira como os fios soltos do seu cabelo castanho dançavam com a brisa, da intensidade tranquila que emanava dela. Por uma semana, ele tentou capturar aquela essência, e por uma semana, falhou miseravelmente. Os desenhos eram precisos, anatomicamente corretos, mas eram apenas imagens. Falta vida, pensou ele, frustrado.
Naquela noite, porém, algo mudou. Enquanto ele a observava, um grupo de adolescentes passou correndo, e um deles, sem querer, esbarrou no banco, fazendo com que o livro escapasse das mãos de Elara e caísse numa poça de água suja.
O rapaz nem parou, sumiu na esquina. Elara ficou parada, olhando para o livro encharcado, uma expressão de profunda decepção no rosto. Não era raiva, era uma tristeza resignada, como se aquele livro fosse mais que papel e tinta.
Foi então que Cade agiu. Não pensou, apenas se moveu. Aproximou-se, o coração batendo forte contra as costelas.
“Deixe-me ajudar”, disse, a voz mais rouca do que pretendia.
Ele pegou o livro, sacudindo a água gentilmente. A capa estava arruinada, as páginas grudadas.
Ela olhou para ele, e ele viu que seus olhos eram da cor do mel, quentes e profundos. “Era uma edição antiga”, disse ela, e a dor na sua voz era quase física.
“Eu… eu posso tentar consertar isso. Desenhar uma nova capa”, ofereceu Cade, sem saber de onde tirava aquela coragem. “Sou ilustrador.”
Elara estudou seu rosto por um momento que pareceu uma eternidade. Um sorriso pequeno, triste, tocou seus lábios. “Por que você faria isso?”
“Porque eu passei a semana toda tentando desenhar você, e não consegui. Talvez desenhando para você, eu tenha mais sorte.”
A confissão saiu de forma desajeitada, e ele se sentiu um tolo. Mas o sorriso de Elara se ampliou, ganhando um pouco de luz. “Você é o homem do tablet, do outro lado da praça.”