Bruno Cano rides Franklin Acevedo
No vale de Las Lágrimas, onde o sol cozia a terra e o vento sussurrava histórias antigas, dois homens representavam o passado e um futuro incerto.
Bruno Cano tinha as mãos calejadas da mesma terra que seu avô e seu bisavô haviam arado. Sua vida era medida pelas estações, pelas chuvas escassas e pelo ciclo implacável da oliveira. A fazenda El Porvenir era mais que um pedaço de terra; era um testamento de resistência. Enquanto os filhos dos vizinhos partiam para a cidade, Bruno permanecia, agarrado às tradições como as raízes das velhas árvores ao solo pedregoso. Ele conhecia cada vinha, cada amendoeira, cada sombra sob a qual seu pai descansara.
Franklin Acevedo chegou ao vale em uma picape nova, com um tablet na mão e um projeto na cabeça. Representava a AgroGlobal, uma empresa que via em Las Lágrimas não um lar, mas uma oportunidade. Onde Bruno via história, Franklin via ineficiência. Onde Bruno via patrimônio, Franklin via potencial não explorado. Seu plano era comprar as pequenas propriedades, unificá-las em um grande empreendimento de agricultura de precisão: irrigação por gotejamento controlada por satélite, drones para pulverização, variedades geneticamente modificadas para resistir à seca.
O primeiro encontro foi tenso. Franklin, de camisa polo impecável, apresentou gráficos de produtividade e projeções de lucro na varanda da casa de Bruno, que bebia um café forte, em silêncio.
— “O senhor está sentado em uma mina de ouro, Sr. Cano”, disse Franklin, com um sorriso profissional. — “Mas está cultivando como há cem anos. Com nossa tecnologia, podemos multiplicar a colheita por dez.”
— “O que você chama de ouro, eu chamo de vida, jovem”, respondeu Bruno, secamente. — “E árvores não são números num tablet. Elas têm ritmo. Têm paciência. Coisa que sua empresa não tem.”




