O vento soprava frio pelas ruas de Nova York, mas Brody Meyer não sentia. Encostado na vitrine iluminada de uma galeria de arte, seu fôlego embaçava o vidro, mas seus olhos não se desgrudavam do homem do outro lado da sala.
James Jacobson estava inclinado sobre um pequeno cavalete, explicando com gestos precisos a pincelada de um Van Gogh para um grupo de visitantes. Seus olhos, da cor do âmbar, brilhavam com uma paixão que ia muito além do trabalho. Suas mãos, manchadas de tinta eterna sob as unhas, contornavam o ar, descrevendo movimentos que só ele podia ver. Brody podia ficar horas ali, observando. James não era apenas um curador; era um contador de histórias, um poeta das formas e cores.
E, de alguma forma impensável, era o homem com quem Brody dividia a vida.
