Brazilian bubble butt fucked – Felipe Nuru, Melad Paris

O silêncio no apartamento de **Felipe Nuru** era tão profundo que ele conseguia ouvir o zumbido da luz elétrica. Era um silêncio planeado, meticulosamente cultivado. Cada móvel do seu estúdio minimalista em Lisboa estava no lugar exato, as linhas eram retas, as cores eram neutras. Felipe era um arquiteto de sucesso, um tecelão de ordem e concreto. E estava terrivelmente, irremediavelmente, entediado com a sua própria criação.
A sua irmã gémea, Melody, irrompeu por essa paz como um furacão vestido de *haute couture*.
“Felipe, é uma emergência!” ela anunciou, atirando uma pasta para cima da sua mesa de vidro imaculada. “A Melad Paris precisa de ti.”
A Melad Paris era a loja de jóias da família, uma instituição centenária que a sua irmã agora gerencia. Um cano rebentara na cave durante a noite, inundando a oficina principal e a sala de arquivos. O caos aquático ameaçava destruir esboços únicos, ferramentas especiais e, pior, a alma do lugar.
Felipe seguiu-a, relutante. O cheiro a mofo e desinfetante atingiu-o assim que entrou. A cave era um pesadelo para a sua sensibilidade organizada: caixas encharcadas, papéis com a tinta a correr, ferramentas enferrujadas espalhadas pelo chão. No meio do dilúvio, de joelhos e com as mãos enterradas numa caixa de documentos, estava **Melad**.
Ele usava um sobretudo de lã escura, agora ensopado e manchado na bainha. Os seus cabelos escuros estavam desalinhados, e os seus ombros, largos, estavam tensos. Quando ele se virou, os seus olhos – de um cinza tempestuoso – encontraram os de Felipe.
“O seu *savoir-faire* arquitetónico chegou para salvar o dia?” perguntou Melad, a sua voz um baixo seco que parecia ecoar nas paredes nuas. Não havia gratidão no seu tom, apenas um desafio resignado.
Felipe ignorou a provocação. Em vez de ver a desordem, ele começou a ver *padrões*. Viu a forma como a água fluía, quais as áreas mais críticas, como organizar a recuperação como se fosse um projeto. Em silêncio, ele pegou num bloco e começou a desenhar um plano de salvamento no papel seco que ainda restava.
Trabalharam lado a lado durante horas. Felipe, com a sua lógica implacável, dirigia a operação. Melad, com um conhecimento íntimo de cada esboço e cada ferramenta, era o guia. Eles não falavam muito. Felipe apontava; Melad acenava. Melad resmungava o nome de um ourives esquecido; Felipe localizava os seus desenhos num instante.
Foi quando Melad salvou uma pasta de croqui antigos, protegendo-a com o seu próprio corpo da água que ainda pingava do teto, que Felipe o viu. A devoção não era pelo valor monetário das peças, mas pela sua história. Cada risco a lápis era um sonho, uma vida.
E Melad, por sua vez, viu a forma como os dedos de Felipe, longos e precisos, manuseavam os papéis ensopados não como lixo, mas como relíquias. A ordem que ele impunha não era fria; era um ato de respeito.
Naquela cave fria e húmida, rodeados pelas ruínas do passado, algo novo nasceu. O amor entre Felipe Nuru, o arquiteto da ordem, e Melad Paris, o guardião do caos criativo, não foi um raio num céu sereno. Foi uma restauração lenta e meticulosa.
Na última noite, quando o último documento foi colocado em segurança, ficaram sozinhos no meio do silêncio recuperado. Melad olhou para a cave, agora organizada em pilhas sistemáticas, uma tela pronta para ser repintada.
“Afinal,” disse Melad, a sua voz mais suave, “a tua ordem não é um fim. É a armação que segura a beleza.”
Felipe, pela primeira vez em anos, sentiu o seu próprio silêncio interno preenchido por um som novo e agradável. “E a tua beleza,” ele respondeu, o seu olhar sério a encontrar o de Melad, “precisa de um caos para nascer. Talvez eu precise de um pouco desse caos na minha vida.”
Ele estendeu a mão, não para um aperto, mas para tocar levemente o pulso de Melad, ainda sujo de tinta e ferrugem. E naquele toque, entre a ordem e o caos, entre o concreto e o sonho, eles encontraram o projeto mais perfeito que alguma vez fariam: um para o outro.