BR MC LEBINHO tá mais gostoso e deu aquela gozada em frente ao espelho, putão!
Todas as tardes, na mesma hora, o silêncio poeirento da livraria Esquecidos era quebrado pelo tilintar suave do sino na porta. E todas as tardes, Clara levantava os olhos do balcão para ver Lebinho entrar.
Ele era baixinho, com um sorriso tímido que mal chegava aos olhos, e sempre vestia um casaco marrom claro, mesmo no calor. Não vinha para comprar, mas para ler. Sentava-se no mesmo banco estreito, entre as estantes de poesia e os romances estrangeiros, e ficava horas imóvel, com um livro aberto no colo.
Clara, que organizava o mundo por capítulos e índices, catalogou-o mentalmente como “Cliente Habitual, Tipo Observador Silencioso”. Até aquele dia de chuva.
A chuva caía em cortinas grossas, e o sino da porta tilintou, mas ninguém entrou. Preocupada, Clara foi ver. Lebinho estava do lado de fora, encolhido sob a marquise, protegendo com o corpo uma velha caixa de madeira.




