Big Boys Big Toys – Dato Foland, Carlos Maranhao and Jhon Ramos fuck

O estaleiro “Maranhão & Ramos” era um reino à parte, onde o cheiro de madeira de lei e maré baixa se misturava num perfume sagrado. Carlos Maranhão, com suas mãos que pareciam raízes de amendoeira, dava forma aos cascos dos barcos como quem acaricia um sonho. Jhon Ramos, seu parceiro de vinte anos, era o cérebro por trás da magia—o engenheiro que traduzia a intuição de Carlos em planos precisos, garantindo que cada saveiro fosse perfeito em linha e equilíbrio.
Sua parceria era uma dança antiga e silenciosa, um matrimônio de almas que nunca precisara de palavras. Até que Dato Foland chegou de São Paulo, com um portfolio digital e sapatos brancos que brilhavam sob o sol do norte.
Trouxera um projeto de iate minimalista, todo linhas retas e fibra de carbono, para ser construído no lendário estaleiro.
“Isso não é um barco, é um apartamento flutuante”, Carlos cuspiu, olhando as pranchas no tablet.
Dato, acostumado a clientes de alto padrão, não baixou a cabeça. “É o futuro, senhor Maranhão. Conforto e eficiência.”
Jhon, sempre o mediador, estudou os planos. “A estrutura é interessante, Carlos. Poderíamos adaptar algumas coisas…”
O estaleiro, outrora um santuário de rotinas conhecidas, tornou-se um campo de batalha silencioso. Carlos trabalhava com seu machado de mão, talhando proas que contavam histórias. Dato ajustava modelos 3D em seu laptop, falando de aerodinâmica e composites. Jhon transitava entre os dois mundos, uma ponte sobre águas turbulentas.
A crise veio com um teste de flutuação. O casco de fibra desenhado por Dato, tecnicamente perfeito, virou com o peso do mastro. O saveiro de madeira de Carlos, ao lado, dançou na água como se estivesse em casa.
Dato ficou em silêncio, observando sua criação falhar. A arrogância se dissolveu, revelando o artista frustrado por baixo.
Foi Jhon quem quebrou o silêncio. “O problema não é o material, é a alma. Você desenhou um objeto, não um barco.”
Naquela noite, sob um céu salpicado de estrelas, Carlos ensinou a Dato a “ouvir” a madeira. Mostrou-lhe como o jeito da fibra ditava a curva do casco, como um nó na madeira podia se tornar o olho do barco.
Dato, pela primeira vez, tocou a matéria-prima não como um recurso, mas como uma parceira. Enquanto isso, Jhon observava, um sorriso tranquilo nos lábios, vendo o pupilo arrogante se transformar em aprendiz.
O amor nasceu nas madrugadas de trabalho conjunto. Dato desenhava agora com a sensibilidade de Carlos, criando linhas modernas que respeitavam a tradição. Carlos, por sua vez, aceitava sugestões de materiais que davam mais leveza às suas formas ancestrais. E Jhon… Jhon encontrou em Dato a centelha criativa que sua parceria com Carlos, por tão segura, há muito tinha perdido.
Não era um romance de dois, mas de três. Era Carlos ensinando, Jhon unindo, e Dato trazendo o novo. Era o café da manhã compartilhado, as mãos de Carlos e Dato calejadas lado a lado, os planos de Jhon agora com as assinaturas dos três.
Quando o novo saveiro—híbrido de madeira e tecnologia, tradição e ousadia—foi lançado ao mar, ele deslizou sobre as águas como nenhum outro. E na popa, abaixo do nome “**Convergência**”, três iniciais foram talhadas: C, J, D.
Era um barco, sim. Mas era, principalmente, a prova de que o amor pode ter muitas formas—até mesmo a forma de um triângulo perfeito, onde cada lado sustenta e é sustentado, navegando em direção a um horizonte que os três agora compartilhavam.