Ben Hunter and Lucas Pocfit fuck
O vento soprava forte no cais, carregando o cheiro de sal e diesel. Ben Hunter encostou-se ao capô de seu jipe, os olhos fixos no horizonte onde o céu cinza encontrava o mar agitado. Ele era um fotógrafo de vida selvagem, acostumado a solidão dos lugares remotos e às companhias silenciosas de águias e lobos. Seu mundo era de momentos congelados, de beleza crua e intocada.
Lucas Pocfit chegou como um terremoto, ou melhor, como o seu oposto completo: um redemoinho de eficiência e logística. Baixo, musculoso, com um boné da corporação enfiado até as orelhas e uma prancheta digital na mão, ele coordenava a equipe de carga do navio de pesquisa com uma voz firme que cortava o barulho do cais.
“Hunter? Ben Hunter?” Lucas aproximou-se, seus passos rápidos e decididos. “Sou Lucas Pocfit, o gerente de operações da expedição. Preciso que assine estes documentos de liberação de equipamentos. E, por favor, mantenha seu material longe da área de carga. A logística é apertada.”
Ben assentou, sem dizer uma palavra. Estendou a mão para a prancheta, seus dedos calejados contrastando com as unias impecáveis de Lucas. Seus olhares se cruzaram por um segundo – o de Ben, distante e contemplativo; o de Lucas, intenso e focado no presente.
A bordo do navio, eram dois planetas em órbitas diferentes. Ben passava horas no convés, encarando o oceano, esperando pelo momento perfeito em que uma baleia jubarte quebraria a superfície. Lucas estava em toda parte, nos porões, na ponte de comando, nos computadores, garantindo que cada parafuso, cada gota de combustível, cada refeição estivesse no lugar certo.
O conflito era inevitável.
“Pocfit, preciso que o navio diminua a velocidade. Há cardumes ali, o que atrai predadores”, Ben pediu em uma manhã.
“Impossível, Hunter. Estamos atrasados para a próxima estação de coleta. Cada minuto de motor parado custa uma fortuna”, Lucas respondeu, sem levantar os olhos da tela.
“Você não entende. A vida selvagem não obedece a um cronograma.”
“E a ciência não obedece ao capricho de um fotógrafo”, Lucas retornou, sua voz carregada de pragmatismo.
A tensão permaneceu até a terceira noite de expedição. Uma tempestade se formou no horizonte, pintando o céu de roxo e laranja violentos. Ben, em êxtase, preparava seu tripé, capturando a fúria sublime da natureza. Foi quando viu Lucas no convés, não trabalhando, mas simplesmente parado, encostado na amurada, observando. Pela primeira vez, não havia pressa em seus ombros. Seu rosto, iluminado pelos relâmpagos distantes, estava suave, quase maravilhado.
Ben aproximou-se, a câmera pendurada no pescoço.
“É… impressionante”, Lucas disse, sem olhar para ele. Sua voz era diferente, mais baixa. “Toda a minha vida, eu me certifiquei de que tudo funcione, que todos os números fechem. Mas isso… isso não pode ser controlado. Só pode ser testemunhado.”
Ben sentou-se ao seu lado, o silêncio entre eles agora confortável, não carregado.
“No Ártico”, Ben começou, sua voz um sussurro rouco, “eu uma vez esperei trinta e seis horas no frio para que uma raposa branca saísse de sua toca. Ela olhou para mim por meio segundo. Foi a foto mais importante da minha vida. Não porque eu a tenha tirado, mas porque eu estava presente para aquele momento.”
Lucas virou-se para olhar para ele. A luz bruxuleante do convés revelou algo novo nos olhos do gerente: uma centelha de admiração, uma fenda em sua armadura de eficiência.
“Deve ser bom”, Lucas murmurou. “Parar. Só… sentir.”
A partir daquela noite, algo mudou. Lucas começou a aparecer no convés ao amanhecer, trazendo dois cafés. Ele não falava de logística. Fazia perguntas sobre as aves, sobre as correntes oceânicas. Ben, por sua vez, começou a apreciar a complexa coreografia que mantinha o navio funcionando, a dança silenciosa que Lucas conduzia.
Em uma tarde calma, Ben encontrou Lucas no convés de popa, fitando o rastro branco do navio no oceano azul.
“Obrigado”, disse Lucas, quando Ben se aproximou.
“Pelo quê?”
“Por me mostrar que existem coisas que não precisam ser gerenciadas. Elas só precisam ser vividas.”




