Bastian Gate takes another cock

Era consenso entre os moradores da velha cidade portuária de Valeria que Bastian Gate não amava nada além do mar. Ele era um homem de silêncios e marcas de sal na pele, capitão do *Serenata Noturna*, um veleiro que cortava as ondas com a mesma frieza com que seu coração parecia bater. Seus dias eram medidos pelas marés, suas noites, pelos mapas estrelados.
Até o outono em que a bibliotecária chegou.
Seu nome era Elara. Ela não vinha do mar, mas das colinas verdes do interior, e trouxe consigo o cheiro de terra molhada e livros antigos. Alugou uma pequena sala acima da taberna e, com permissão do prefeito, abriu uma biblioteca minúscula, de apenas uma estante, mas que, para ela, era um universo.
Bastian foi lá por acaso, ou por uma ironia do destino disfarçada de tempestade. O céu escurecera de repente, e uma chuva impiedosa o obrigou a buscar refúgio no primeiro lugar aberto. Aquele espaço silencioso, repleto de papel e palavras, era mais estranho para ele do que qualquer tempestade no cabo da Boa Esperança.