Axel Rockham fucks Frank Furdr

O escritório de Axel Rockham cheirava a conhaque caro e vitória. Ele era um tubarão do mercado imobiliário, um homem que construiu um império comprando edifícios históricos com um sorriso afiado e os transformando em condomínios de luxo sem alma. Seu próximo alvo era o “The Grandiose”, um cinema de arte decadente, mas cheio de charme.

Frank Furdr era o que impedia Axel de dormir. Frank não era um magnata ou um advogado poderoso. Ele era o zelador do “The Grandiose”. Um homem baixo, de bigode grisalho e avental manchado, que conhecia cada rangido do assoalho, cada assento quebrado, cada fantasma que habitava a sala de projeção. Frank era o coração do lugar.

Axel fez uma oferta irrecusável. Depois, uma ameaça velada. Frank não se moveu. Ele não protestou com cartazes ou gritos. Sua resistência foi mais sutil e infinitamente mais eficaz.

Ele começou a enviar e-mails para Axel. Não eram insultos, mas memórias. Lembranças detalhadas do primeiro beijo de um casal no balcão superior, do velho Sr. Gable, que chorava toda vez que via “Casablanca”, da criança que deixou cair sorvete no corredor em 1997 e cujo remendo ainda estava lá.

“Um lugar não é feito de tijolos, Sr. Rockham,” escreveu Frank em um dos e-mails. “É feito de histórias. E você não pode comprar isso.”

Axel, irritado, começou a ler os e-mails por puro desdém. Mas, lentamente, as palavras de Frank furaram sua couraça. Ele se viu olhando para as paredes vazias de seu apartamento de milhões e não conseguiu lembrar de um único momento verdadeiro que tivesse acontecido ali. Ele tinha conquistado a cidade, mas nenhum lugar naquela cidade o tinha conquistado.