Avery Beck, Andy Adler – Andy Fucks The Freshman
O barulho da cafeteria era a trilha sonora constante da vida de **Avery Beck**. Canecas batendo, o assovio da máquina de espresso, o burburinho das conversas. Avery era o dono do lugar, um furacão de energia com um lenço no cabelo e um sorriso fácil que escondia as noites sem dormir. Ele conhecia seus clientes pelo nome, pelo pedido, pelos problemas. Sua vida era um ato de equilíbrio frenético, servindo conforto em forma de café e bolo de cenoura.
**Andy Adler** era um ponto de quietude nesse caos. Todas as manhãs, pontualmente às 8h15, ele entrava, um homem de blusas de lã e olhos sérios. Ele sentava no mesmo canto, de costas para a parede, e abria um livro. Seu pedido era sempre o mesmo: um café preto, sem açúcar. Ele não falava além do necessário, e seu sorriso, quando acontecia, era algo raro e precioso, como um raio de sol em um dia nublado.
Avery o observava. Como não observar? Andy era uma ilha de calma em seu mar agitado. Ele começou a antecipar sua chegada, a ter a caneca de café preto pronta antes mesmo de Andy chegar ao balcão. Um dia, ele se arriscou.
“Leitura pesada para uma segunda-feira de manhã?” Avery perguntou, inclinando-se sobre o balcão enquanto colocava a caneca na mesa de Andy.
Andy ergueu os olhos do livro, surpreso. Seus olhos eram de um cinza-azulado, profundos e calmos. “É sobre a história do silêncio,” ele respondeu, sua voz mais suave do que Avery imaginara.
“Silêncio? Deve ser um livro bem curto,” Avery brincou, secando as mãos no avental.
O canto da boca de Andy se moveu. Quase um sorriso. “Pelo contrário. É surpreendentemente longo.”
Aquele foi o início. Todas as manhãs, uma pequena interação. Avery comentava sobre o tempo, sobre um novo pão de queijo. Andy começou a responder com mais de uma palavra. “Obrigado, Avery.” “Está bom hoje, Avery.”
Avery descobriu que Andy era um restaurador de livros antigos. Suas mãos, que pareciam tão quietas sobre a mesa, passavam os dias salvando histórias do esquecimento, reconstruindo lombadas e reparando páginas com uma paciência infinita. Um trabalho de quietude e precisão, o oposto absoluto da vida barulhenta de Avery.
O amor não chegou com um estrondo. Chegou como o cheiro do café da manhã: sutil, constante, e essencial. Chegou no dia em que Andy não apareceu às 8h15. Avery sentiu uma pontada de ansiedade tão aguda que surpreendeu a si mesmo. Às 10h, ele pegou uma caneca de café preto para viagem e um muffin de aveia (ele notara que Andy às vezes comprava um) e foi até a pequena oficina que Andy mencionara.
A porta estava entreaberta. Andy estava lá, curvado sobre uma mesa, com uma lupa no olho, seus dedos delicados colando um pedaço minúsculo de papel em um livro antigo. Ele parecia exausto.
“Você faltou ao seu compromisso,” Avery disse, entrando na quietude do lugar.
Andy ergueu a cabeça, e o cansaço em seu rosto deu lugar a uma surpresa genuína. “Avery. Eu… um cliente exigiu que eu terminasse isso hoje. Esqueci o tempo.”
Avery colocou o café e o muffin na mesa, ao lado das ferramentas de trabalho. “Eu me preocupei,” ele admitiu, sua voz mais baixa do que no café.
Aquela simples admissão quebrou a última barreira. Andy tirou a lupa. “Ninguém se preocupa se eu tomo meu café às 8h15,” ele sussurrou.
“Eu me preocupo,” Avery respondeu.
A partir daquele dia, as manhãs de segunda-feira não eram mais as mesmas. Andy ainda lia, mas agora conversava mais. Avery ainda era um furacão, mas aprendera a fazer uma pausa para se sentar por cinco minutos na cadeira vazia ao lado de Andy.
Uma tarde, Avery fechou o café mais cedo. Ele foi até a oficina de Andy carregando duas canecas de chocolate quente. A porta estava destrancada. Ele entrou e viu Andy, não trabalhando, mas segurando um livro pequeno e desgastado.
“É para você,” Andy disse, entregando-o a Avery.
Era um diário de receitas antigo, que Avery tinha mencionado meses atrás que adoraria ter. Andy não só o encontrara, como o restaurara completamente. As páginas frágeis agora estavam firmes, a capa de couro, revitalizada.
“Avery,” Andy disse, seu tom sério. “Eu passo meus dias consertando coisas que o tempo quebrou. Mas é aqui, com você, no meio do seu barulho, que eu me sinto verdadeiramente restaurado.”
Avery segurou o livro contra o peito, suas palavras usually rápidas falhando. Ele olhou para Andy, para aquele homem quieto que havia encontrado a chave para o seu coração barulhento.
Ele não disse “obrigado”. Em vez disso, ele disse as únicas palavras que importavam: “Fica para jantar?”
E o sorriso que Andy deu então não foi raro nem precioso. Foi largo, claro, e cheio de casa. O silêncio de Andy e o barulho de Avery não eram mais opostos. Eram simplesmente duas partes da mesma e perfeita melodia.




