
O estúdio de Austin Sugar cheirava a tinta a óleo e café forte. Era um caos organizado de telas, pincéis e esboços, um reflexo da sua mente sempre agitada. Foi nesse santuário criativo que ele conheceu Emil Jameson.
Emil não era um modelo profissional. Era um escritor, um amigo de um amigo que precisava de dinheiro rápido enquanto terminava seu primeiro romance. Austin precisava de um modelo para uma série de pinturas sobre melancolia e quietude.
A primeira sessão foi estranha. Austin, de cabelos desalinhados e com manchas de tinta nas mãos, era explosivo e intenso. Emil, com seus suéteres de lã e olhar calmo, era o oposto absoluto. Austin ordenava: “Fique parado”, “Olhe para a janela”, “Pense em algo que dói”. Emil obedecia com uma paciência que irritava Austin profundamente. Ele queria capturar uma emoção, uma fissura naquela serenidade perfeita.
Mas então, Austin começou a ver. Viu a sombra que passava pelos olhos de Emil quando ele pensava que ninguém estava olhando. Viu a leve tristeza no canto de sua boca. Ele não estava pintando a quietude; estava pintando a dor silenciosa que ela escondia. E, sem perceber, começou a se apaixonar por ambas as coisas.