Argentina x Mexico – Feli Adriano and Sir Armas fuck
						O Grande Arquivo Real era um labirinto de pergaminhos e silêncio, um reino onde o tempo era medido pelo virar de páginas. Lá, Feli Adriano era uma princesa, mas sua coroa era feita de poeira e suas joias, as letras douradas nos manuscritos antigos. Como Aprendiz de Historiadora-Chefe, sua vida era uma busca solitária por verdades passadas, suas únicas companhias as sombras alongadas que dançavam à luz das velas.
Sir Armas era o oposto. Como Capitão da Guarda Real, sua vida era ruidosa, feita de aço, ordens curtas e o som de botas contra a pedra. Enquanto Feli preservava a história, Sir Armas fazia-a todos os dias, patrulhando os mesmos corredores há uma década, um monumento de dever e vigilância.
Eles se cruzavam todos os dias, no mesmo corredor, à mesma hora. Ele, em sua armadura impecável; ela, com uma pilha de livros nos braços. O ritual era sempre o mesmo: um aceno de cabeça cortês dele, um leve inclinar de cabeça dela. Nenhuma palavra. Eram como duas estrelas em órbitas fixas, destinadas a se ver, mas nunca a se tocar.
Sir Armas, por trás do elmo, não via apenas uma estudiosa tímida. Ele via a mulher cujos dedos deixavam leves manchas de tinta nas páginas, cujo olhar se perdia não em sonhos, mas em batalhas há muito esquecidas. E Feli, por trás de suas pilhas de livros, não via apenas um soldado. Ela via o homem cuja postura era tão reta quanto a espada que carregava, mas cujos olhos, num raro instante de descuido, pareciam carregar o peso de todo o reino.
O amor começou a ser escrito não com palavras, mas com ações silenciosas.
Feli notou que os livros mais pesados que ela precisava consultar nas prateleiras mais altas começaram a aparecer, misteriosamente, em sua mesa, com um pequeno pedaço de tecido limpo sob eles para não manchar a madeira. Sir Armas descobriu que, nos dias mais frios, um bule de chá quente era deixado em um nicho perto de seu posto, acompanhado de um pequeno melado — o mesmo que ele uma vez, há anos, mencionou gostar para um outro guarda.
Eles eram um segredo aberto para si mesmos, uma conversa feita de ausências e pequenos cuidados.
O ponto de ruptura veio com uma conspiração. Documentos falsos foram plantados no Arquivo para incriminar um nobre inocente. Feli, com seu conhecimento meticuloso, percebeu a inconsistência caligráfica, a tinta errada para a época. Mas as evidências eram fortes, e a sombra da traição chegou perto do trono.
Sabendo que estava arriscando tudo, ela foi até o Capitão Armas no meio da noite, seus olhos wide com medo e determinação, os documentos falsos tremendo em suas mãos. Ele a ouviu, sem interromper, sua expressão impenetrável como sempre.
“Por que você viria até mim?” ele finalmente perguntou, sua voz um baixo grave no silêncio da sala da guarda. “Você poderia ter ido ao Conselho.”
“Porque a verdade nem sempre está nos conselhos”, ela sussurrou, “mas sim naqueles que guardam os portões. E eu confio no homem que guarda os meus silêncios há dez anos.”
Aquela frase, “meus silêncios”, quebrou a armadura de Sir Armas mais eficazmente que qualquer espada. Na manhã seguinte, ele não prendeu o nobre. Em vez disso, usou sua autoridade para investigar nos porões, encontrando o falsário e expondo a trama. Ele não o fez por dever, mas por uma verdade que uma jovem historiadora lhe mostrou com seus olhos honestos.
Na noite em que a verdade veio à tona, ele foi ao Arquivo. Feli estava lá, sozinha, a luz das velas fazendo seus cabelos parecerem um fogo suave. Ele parou diante dela, sem o elmo, seu rosto marcado pela seriedade, mas seus olhos suaves.
“Sir Armas”, ela disse, seu coração batendo como os tambores de uma coroação.
“Feli Adriano”, ele respondeu, e seu nome em sua boca soou como um juramento. “Eu passei minha vida protegendo o reino com minha espada. Mas percebo que um reino não é feito apenas de paredes e leis. É feito de histórias. E eu gostaria de passar o resto da minha vida protegendo a guardiã da nossa.”
Ele estendeu a mão, não a mão enluvada de um capitão, mas a mão nua de um homem. Feli colocou sua mão, pequena e manchada de tinta, na dele. Naquele toque, as histórias que ela lia e a história que ele vivia se fundiram, encontrando, finalmente, um capítulo que pertencia apenas aos dois.
				



