Apolo Adrii and Ricky Hard – RFC

O silêncio na cabine da nave Andarilho Celeste era quebrado apenas pelo sussurro dos sistemas de suporte de vida e pelo som abafado de “Highway to Hell” saindo dos fones de Ricky Hard. Ele, com suas mãos calejadas cobertas de graxa e uma chave-inglesa na cintura, dava um último aperto em um painel de acesso.

“Do outro lado desse metal, tem só o vácuo, sabe?” ele falou, sem virar. “Um parafuso solto e a gente vira um popsicle cósmico.”

Do centro de comando, Apolo Adrii não ergueu os olhos da tela de projeções holográficas, onde trajetórias complexas dançavam. Seus dedos longos e precisos manipulam os dados com uma calma infuriante.

“A probabilidade de falha catastrófica na sua última ‘gambiarra’, Ricky, é de 0,003%. Estatisticamente aceitável.” Sua voz era suave, quase metálica.

Ricky riu, secando as mãos em um pano sujo. “Estatisticamente aceitável. É isso que vou escrever na sua lápide, ‘cientista’. ‘Aqui jaz Apolo Adrii, estatisticamente aceitável’.”

Era assim há seis meses. Uma missão de reconhecimento de longo alcance, unindo a mente mais brilhante da Academia com o melhor mecânico “furador de galáxia”, como Ricky se autointitulava. Apolo, cujo cérebro era um supercomputador biológico, e Ricky, cujo instinto de sobrevivência era tão afiado quanto um canivete.