Andy Rodrigues and Philipe Coutinho fuck Fernando Vilar

O sol baixo da tarde dourava os vidros dos arranha-céus do Rio de Janeiro, pintando o Morro do Vidigal com tons de âmbar. Foi nesse cenário que Andy Rodrigues, um motorista de aplicativo com o coração amassado como um mapa velho da cidade, encontrou Philipe Coutinho.
Philipe não era um passageiro comum. Tinha um ar de nostalgia nos olhos, como quem busca algo perdido no tempo. Ele não pedia destinos, mas sim percursos. “Vira na Lapa”, pedia. “Agora, contorna o Maracanã”. Andy, que havia enterrado seus sonhos de ser músico junto com as dívidas, estranhou aquele homem que parecia escutar o ritmo da cidade através do rádio do carro.
O que começou como corridas esporádicas tornou-se um ritual. Até que, em uma tarde abafada, Philipe pediu para ir à Vila Isabel. Pararam em frente a um sobrado antigo, onde um homem de cabelos grisalhos e sorriso fácil consertava uma calçada.
Fernando Vilar ergueu os olhos, a ferramenta na mão parando no ar. O tempo congelou. Philipe saiu do carro devagar, como quem se aproxima de um fantasma.
“Trinta anos”, disse Fernando, a voz embargada.
Andy observou, pela janela aberta, o reenúncia daqueles dois homens. Philipe, o arquiteto que fugira para a Europa levando um segredo no peito. Fernando, o pedreiro que ficara, plantando raízes no asfalto quente do subúrbio.
Nos dias que se seguiram, Andy tornou-se o fio condutor daquele romance interrompido. Seu carro virou um confessionário sobre rodas, levando Philipe e Fernando a redescobrirem uma cidade que havia mudado, e um amor que não.
Até que, durante um passeio pela orla de Copacababa, Fernando pegou a mão de Philipe sob o olhar surpreso de alguns transeuntes. Philipe hesitou, um velho medo pairando em seus olhos.
Foi Andy quem quebrou o silêncio, do banco do motorista: “O amor é como o samba, senhores. Não tem hora certa para começar, nem para recomeçar”.
A metáfora, vinda daquele homem quieto que sempre tinha um acordeão no banco de trás, ecoou no carro. Philipe apertou a mão de Fernando, e os dois corações batendo em compassos diferentes finalmente encontraram a mesma cadência.
Naquela noite, Andy pegou seu acordeão pela primeira vez em anos. E enquanto Philipe e Fernando dançavam no living do sobrado da Vila Isabel, a música que saía era doce como o reencontro, forte como o amor que resiste, e bela como o Rio ao entardecer.