Andres and Dubian Jauregui fuck – Are You Still Watching

Andres Jauregui acreditava que a vida era como uma partitura: estruturada, previsível e com cada nota em seu lugar certo. Como violoncelista da Orquestra Sinfônica da Cidade, sua existência era um compasso de ensaios, apresentações e o silêncio solene de seu apartamento. Era uma melodia que ele conhecia bem, mas que, ultimamente, soava incrivelmente vazia.
Dubian Jauregui era o caos em forma de homem. Pintor, sua vida era uma explosão de cores improvisadas. Suas telas, vibrantes e cheias de textura, espalhavam-se pelo estúdio como um jardim selvagem. Suas noites eram para a rua, para a música alta e para os amigos que se reuniam em sua varanda até o amanhecer.
O destino, num raro momento de humor, colocou-os no mesmo prédio. Andres no apartamento 302, silencioso e organizado. Dubian no 304, de onde sempre escapavam acordes de salsa e o cheiro de tinta a óleo.
O primeiro encontro foi uma colisão. Literalmente. Andres, carregando seu valioso violoncelo, virou a esquina do corredor no exato momento em que Dubian saía, distraído, com uma lata de tinta azul na mão. A tinta voou, manchando a capa do estojo do instrumento e as calças impecáveis de Andres.
“Merda! Desculpa, cara, mil desculpas!” disse Dubian, os olhos escuros arregalados de pânico.
Andres congelou, olhando para a mancha azul-cobalto. “Isto… isto é couro italiano”, conseguiu dizer, a voz um fio.
“Eu limpo, eu conserto, eu pinto por cima! Brincadeira”, Dubian acrescentou, vendo o horror no rosto de Andres. “Olha, deixa eu te compensar. Pelo menos com um café.”
Andres estava prestes a recusar. Era o que a partitura dele ditava: um aceno de cabeça educado e um rápido retiro. Mas algo na sinceridade desastrada daquele homem, naqueles olhos que pareciam rir de uma piada interna, fez com que ele simplesmente assentisse.
O café tornou-se um jantar. O jantar, uma visita ao estúdio de Dubian. Andres ficou parado no meio daquele caos criativo, sentindo-se estrangeiro. Até que seus olhos pousaram em uma tela menor, num canto. Era um retrato abstrato de um músico de rua, seus dedos um borrão de movimento sobre o violão, e a música não era som, mas sim jatos de dourado e carmim que pareciam pulsar da tela.
“É… incrível”, Andres sussurrou, genuinamente impressionado. “Você pinta o som.”
Dubian sorriu, um sorriso lento que iluminou todo o seu rosto. “E você toca a cor. Ouvi você praticando ontem. Aquela peça triste de Bach. Parecia azul-cinza, como o céu antes da chuva.”
Naquela noite, as partituras de Andres ganharam novas anotações à margem, em lápis de cor, feitas por Dubian. E as telas de Dubian começaram a ser preenchidas com formas mais suaves, mais melódicas, inspiradas nas longas linhas do violoncelo.
Andres aprendeu a dançar salsa na sala apertada de Dubian, rindo de seus próprios pés desengonçados. Dubian aprendeu a ficar em silêncio, apenas ouvindo Andres praticar, descobrindo uma paz que a agitação nunca lhe tinha proporcionado.
O amor não mudou quem eles eram; apenas ensinou-lhes uma nova linguagem. Andres descobriu a beleza de uma nota fora do compasso, a alegria de uma risada que ecoa no corredor. Dubian descobriu a profundidade do silêncio, a intensidade de um olhar tranquilo.
Uma tarde, Dubian levou Andres ao telhado do prédio para ver o pôr do sol. A cidade estava banhada em laranja e roxo.
“Sabia”, disse Dubian, segurando a mão de Andres, “que nós temos o mesmo sobrenome? Jauregui. É uma coincidência do destino, não acha?”