Andre X and Wolf Hudson fuck in the locker room
A cidade era uma selva de concreto, e Andre X era seu espectro mais elegante. Ele se movia entre as galerias de arte e os bares de design, um traço de tinta nanquim e seda preta contra um cenário cinza. Seu mundo era de significados ocultos e beleza calculada, um universo onde cada gesto era uma declaração.
Wolf Hudson não fazia declarações. Ele *era* uma. Um tropeço na sintaxe fina da cidade. Dono de uma oficina mecânica chamada “O Covil”, ele cheirava a gasolina, café forte e honestidade suada. Suas mãos, cravadas de pequenas cicatrizes e graxa, consertavam motores que rosnavam como bestas acorrentadas.
Seus caminhos se cruzaram num acidente de trânsito banal. A traseira do coupé importado de Andre encontrou o parachoque robusto da picape antiga de Wolf. Enquanto Andre saía do carro, perfeitamente composto mas com os olhos faiscando de irritação, Wolf já estava de cócoras, examinando os danos.
“É só o para-choque. Nada que umas boas horas no Covil não resolvam,” Wolf disse, erguendo os olhos. Seu olhar não era de desafio ou admiração. Era de avaliação pura, como se examinasse um motor complexo.
Aquela falta de reverência ou de desejo óbvio desarmou Andre. Ele estava acostumado a ser *lido*, não *visto*.
O carro ficou no Covil por dois dias. Andre, por teimosia ou por uma curiosidade que não conseguia nomear, foi buscá-lo pessoalmente. A oficina era um caos organizado de ferramentas e peças, cheirando a óleo e esforço. Wolf estava debaixo de um carro, apenas suas botas visíveis. A música que saía de um rádio antigo não era eletrônica ou clássica, era rock de garagem, cru e pulsante.
Quando Wolf deslizou para fora, o rosto sujo de graxa, ele ofereceu a Andre uma chave xing ling.
“Ela é simples. Mas é honesta. Como o meu trabalho.”
Andre, que trocava de carro como trocava de perfume, sentiu o peso surpreendente daquela chave em sua mão imaculada. Foi o objeto mais verdadeiro que ele tocara em meses.
O amor deles não foi um encontro de opostos, mas uma colisão. Andre começou a aparecer no Covil no fim de tarde, trocando seu café de single-origin por um café coado que “poderia revestir um estômago”. Ele observava Wolf trabalhar, a coreografia brutal e competente daqueles braços, a maneira como ele sussurrava para os motores.
Wolf, por sua vez, foi arrastado para uma galeria por Andre. Ele não entendia as pinturas, mas entendia a intensidade com que Andre as descrevia, a paixão contida em sua voz suave. Ele via a beleza não na arte, mas no rosto de Andre enquanto falava dela.
Numa noite quente, sentados no capô da picape restaurada de Wolf, olhando para as luzes da cidade, Wolf quebrou o silêncio.
“Você é como essa cidade, Andre. Toda luz e ângulos. Difícil de decifrar.”
Andre olhou para ele, para a graxa sob suas unhas impecáveis, para a simplicidade brutal daquele homem que consertava coisas quebradas.
“E você, Wolf, é o barulho por baixo da luz. A coisa real que mantém tudo funcionando.”
Wolf pegou a mão de Andre, sua própria mão áspera envolvendo os dedos longos e delicados do artista. Não era um aperto de posse, mas de reconhecimento.
“Então me deixa ser seu barulho de fundo,” ele sussurrou.
E naquele instante, o espectro e a fera descobriram que, na selva de concreto, até os opostos mais improváveis podem encontrar um lar no som um do outro.




